Impactada pelo forte rombo nas contas públicas do mês passado, a dívida bruta do governo geral voltou a crescer e rompeu um novo recorde em março, apontam dados divulgados nesta segunda pelo Banco Central (BC). Uma das principais referências sobre a capacidade de solvência do País, o endividamento bruto chegou a 75,3% do Produto Interno Bruto (PIB), o maior porcentual da série histórica iniciada em dezembro de 2006.
Em fevereiro, essa relação estava em 75,1%. No melhor momento da série histórica, em janeiro de 2013, a dívida bruta chegou a 51,54% do PIB. O endividamento bruto cresceu mesmo com a devolução pelo BNDES de R$ 30 bilhões ao Tesouro no mês passado.
Já a dívida líquida do setor público - não impactada pela operação do BNDES - encerrou o mês passado em R$ 3,463 trilhões e passou de 52,0% para 52,3% do PIB. Esse é maior porcentual para a dívida do governo central, governos regionais e empresas estatais desde junho de 2004, quando era de 52,8%.
A principal causa do aumento de ambas as dívidas é o rombo primário de R$ 25,135 bilhões do setor público consolidado no mês passado. Esse foi o pior resultado para meses de março na série histórica do BC, iniciada em 2001. O governo central teve déficit de R$ 25,531 bilhões, enquanto os governos regionais registraram superávit de R$ 552 milhões. As empresas estatais ficaram no negativo em R$ 156 milhões no mês.
“Houve uma antecipação do pagamento de precatórios de R$ 9,5 bilhões pelo Tesouro em março, mas, mesmo sem esse efeito, ainda seria o maior déficit para março na série”, reconheceu o chefe do departamento de estatísticas do BC, Fernando Rocha. Segundo ele, a grande culpada pelo crescimento do rombo primário e, consequentemente, da dívida, é a Previdência, que teve em março o maior déficit da história para o mês (R$ 20,127 bilhões) e para o trimestre (R$ 49,052 bilhões). “Tem havido aumento no déficit do INSS, em trajetória que já observamos há algum tempo. Os déficits da Previdência são os maiores em qualquer base de comparação”, disse.