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Setor vê atraso em medidas do governo sobre energia

Por GABRIELA VIEIRA
Atualização:

Associações do setor elétrico acreditam que o governo federal está atrasado no que se refere à adoção de medidas preventivas para evitar um colapso no fornecimento de energia no País. Segundo as entidades, campanhas educativas e até mesmo programas de incentivo à redução do consumo deveriam ter sido adotados já no início da crise hidrológica que afeta os reservatórios das usinas. "Na visão do setor, essas são as alternativas mais recomendáveis neste momento. A situação é preocupante e você precisa dar sinais mais claros disso à população", afirmou o presidente do Fórum de Associações do Setor Elétrico Brasileiro (Fase), Mário Menel."Na verdade, a sinalização do governo até o momento é justamente no sentido contrário, com a redução das tarifas de energia elétrica através da MP (Medida Provisória) 579", completou o presidente do Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico (FMASE), Alexei Vivian. Em entrevista, os representantes do setor consideram que a não aplicação das bandeiras tarifárias para a distribuidoras, prevista para o final do ano passado, foi "uma oportunidade perdida" no sentido de desestimular o desperdício de energia. As bandeiras tarifárias sinalizariam para o consumidor o real custo da energia gerada naquele período.Ainda de acordo com os especialistas, o ano eleitoral e a exposição do Brasil no cenário internacional devido à realização da Copa do Mundo podem explicar a ausência de programas para a racionalização de energia. "E isso ocorre independentemente de partido. Qualquer governo teria, nesse contexto, receio de falar em medidas de restrição de consumo, ainda que não fale de racionamento", explicou Vivian.RacionamentoApesar de considerar crítica a atual situação das hidrelétricas brasileiras, a Fase, que agrega, entre outras associações, a Abrace (grandes consumidores), Abrage (grandes geradores) e Abraget (geradores termoelétricos), e a FMASE descartam a hipótese efetiva de um racionamento de energia no País em 2014. "O risco (de um racionamento) sempre existe, mas a possibilidade efetiva de um racionamento ainda neste ano é praticamente nula", disse Menel.Hoje, durante um evento com analistas e investidores, executivos da Cemig citaram estudo da consultoria PSR, no qual a probabilidade de insuficiência dos reservatórios para atender à demanda por energia em 2014 seria de 46%. O resultado dos cálculos da PSR, feitos com base em dados oficiais de oferta, demanda e hidrologia utilizados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), difere da probabilidade de insuficiência de 6,7% apresentada pelo Ministério de Minas e Energia (MME) no início deste mês.Publicado em abril, o relatório da consultoria, sugere ainda uma redução de 6% no consumo mensal de energia entre maio e novembro com o objetivo de garantir a oferta de energia até 2015. "O grande problema é que estamos retardando uma solução para 2015, quando, então, dependeremos da quantidade de chuvas, o que torna o risco de um racionamento mais alto", disse Vivian, destacando a importância de medidas preventivas.O diretor de Geração e Transmissão da Cemig, Luiz Henrique de Castro Carvalho, também defendeu que medidas de estímulo ao consumo eficiente de energia já deveriam ter sido tomadas. "Sem uma medida de racionalização agora, é provável um racionamento mais agressivo para frente", disse. O diretor Comercial da Cemig, José Raimundo Dias Fonseca, acrescentou que a definição sobre o racionamento depende da hidrologia dos próximos meses e disse que "o risco existe sim, e é real", mas considera provável que se consiga passar por este ano sem racionamento.Há duas semanas, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, descartou a possibilidade de incentivo governamental à racionalização do consumo de energia. "Não proporemos racionalização ou racionamento de energia desnecessariamente, mas ninguém está proibido de fazê-lo", disse o ministro na ocasião.Colaboraram Luciana Collet e Malena Oliveira, especial para a Agência Estado

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