Por outro lado, alguns setores mostram acelerada destruição de postos de trabalho. A indústria registrou uma contração de 40 mil ocupações em relação ao 2.º trimestre de 2014. Mas o pior segmento é o da construção, com quase 700 mil demissões, sendo que mais de 500 mil só do 1.º para o 2.º trimestre deste ano. As causas são conhecidas. A forte valorização dos imóveis, seguida do aumento da inadimplência das famílias, fez com que as vendas recuassem.
Ressalte-se, porém, que a maior intervenção do Estado na economia, tornando esse setor mais dependente do governo, tem uma parcela importante nas demissões. A crise na Petrobrás afetou negativamente toda a cadeia ligada a ela, principalmente de empresas de construção dependentes de contratos com a estatal. Aliada a isso, uma política fiscal expansionista e mal planejada no primeiro mandato do atual governo levou à necessidade de medidas de austeridade para contingenciar diversos gastos, dentre eles os do Minha Casa Minha Vida e do PAC. Essa presença elevada do Estado na economia, que cresceu nos últimos anos, tornando diversos segmentos dependentes do mesmo, iria levar, invariavelmente, a demissões nesses setores.* Rodrigo Leandro de Moura é pesquisador do IBRE/FGV