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Setores querem a manutenção do IPI reduzido

Fabricantes de móveis, materiais de construção e de eletrodomésticos alegam que as vendas podem cair mais

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Por Márcia De Chiara
Atualização:

Setores da indústria que foram beneficiados pela política do governo de corte do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) na crise de 2009, e que até hoje vendem seus produtos com alíquota menor, querem que a redução de imposto tenha caráter permanente. Fabricantes de fogões, lavadoras e refrigeradores, móveis, materiais de construção e de veículos acreditam que a manutenção do benefício tributário é fundamental para garantir em 2015 ritmo de produção, que já não foi grande coisa este ano. "Essa política tem de continuar, é vital", afirma o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), Walter Cover. Neste ano, a indústria de materiais de construção esperava crescimento real (descontada a inflação) na receita de 3%, mas deve fechar com queda de 4%. Ele diz que a maioria dos materiais de construção está desonerada. "Pleiteamos a desoneração de IPI de todos os materiais para conseguirmos ser mais competitivos em relação aos produtos importados." No caso dos móveis, o quadro é semelhante. Mesmo com o IPI reduzido de 5% para 4% até o fim deste ano, o setor enfrenta frustração nas vendas. A expectativa era crescer este ano entre 5% e 7% em faturamento e em volume, mas os resultados devem ficar bem abaixo das projeções iniciais. Segundo o presidente da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel), Daniel Lutz, o ano deve fechar com queda de 2,8% no volume de vendas em comparação com 2013 e alta de 1,4% na receita, mas por causa de aumento de preços. "Para 2015, não temos boas expectativas. Se a inflação não for controlada e o poder aquisitivo corroído, os artigos de primeira necessidade vão abocanhar a maior parte dos orçamentos das famílias e os móveis acabarão sendo prejudicados", prevê Lutz. Esse quadro deve se agravar, segundo ele, se o IPI para o setor voltar para alíquota normal de 4% a partir de janeiro. O presidente da Abimóvel, que reúne 20 mil indústrias do setor, diz que, num primeiro momento, foi sentido aumento de vendas por causa da redução do imposto, mas depois esse efeito foi diluído. No caso dos eletrodomésticos da linha branca, o presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), Lourival Kiçula, diz que a manutenção das alíquotas atuais do imposto, que hoje estão reduzidas para lavadoras e refrigeradores, é o mínimo que o setor deseja, diante da essencialidade dos produtos. "Nosso pleito é que baixe mais por causa da essencialidade desses eletrodomésticos." Hoje, tanto lavadoras como refrigeradores estão com IPI de 10%. As alíquotas normais são de 15% para os refrigeradores e de 20% para as lavadoras. No caso do fogão, o IPI é de 4% e o benefício fiscal foi retirado. "Aumentar o imposto de 10% para 20% faz uma grande diferença em termos de vendas", diz Kiçula. Em cinco anos de imposto reduzido, entre 2009 e 2014, os fabricantes de linha branca ampliaram em três milhões de unidades a produção e as vendas de lavadoras, fogões e refrigeradores. No ano passado, as vendas desses eletrodomésticos somaram 18,150 milhões de unidades e, para este ano, "a torcida é para o empate", diz o presidente da Eletros. Infraestrutura. Além de defenderem a validade das políticas direcionadas do governo para a indústria, fabricantes de móveis e de materiais de construção acreditam que outros pontos devem ser incluídos nos planos traçados pela presidente Dilma Rousseff para o seu novo mandato, para impulsionar o crescimento do setor. "A falta de infraestrutura acaba sendo um fator que encarece os nossos produtos", afirma o presidente da Abimóvel. Nas contas de Lutz, as dificuldades com a logística, somada à carga normal do IPI de 5% encarece entre 8% a 10% o preço dos móveis ao consumidor. Já Cover, da Abramat, destaca a necessidade de não subir juros para que novos investimentos tenham sinal verde e o setor de material de construção possa voltar a crescer. Outro ponto lembrado pelo executivo para que o governo impulsione o crescimento da indústria é a simplificação do sistema tributário, já que, na sua opinião, é muito difícil fazer uma reforma tributária mais ampla.

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