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Só 11% das estradas do País são asfaltadas

Por Renée Pereira
Atualização:

O baixo índice de pavimentação das rodovias pôs o Brasil numa posição delicada entre os vizinhos da América do Sul. Com apenas 11% das estradas asfaltadas (196 mil km), o País amargou um sexto lugar no ranking de malha rodoviária ponderada pela superfície terrestre e população. Isso significa que a malha nacional é proporcionalmente e relativamente menor que a de Uruguai, Paraguai, Argentina, Venezuela e Suriname, segundo estudo inédito da Associação Nacional de Transporte de Carga & Logística (NTC). Para a elaboração do ranking, a entidade combinou a extensão das rodovias com a área territorial e a população dos países. "O resultado mostra que as estradas brasileiras não são adequadas à população e ao tamanho da economia do País. Isso uma hora pode travar o crescimento do País", comenta o presidente da NTC, Geraldo Vianna. Entre os Estados brasileiros, o Paraná tem o melhor índice de malha relativa. São Paulo está em terceiro lugar. O quadro desenhado no estudo não deve ter grandes mudanças com o leilão dos sete lotes de vias federais, anunciado pelo governo, no mês passado, para outubro. Isso porque não vai elevar a malha rodoviária pavimentada, apesar de dar um salto de qualidade nos trechos licitados. "Se compararmos a malha brasileira com países desenvolvidos, o Brasil leva uma surra", diz Vianna, lembrando que o resultado do ranking contrasta com a fama de País "rodoviarista" adquirida no século passado. A partir de meados da década de 40, a malha brasileira começou a ter forte expansão, impulsionada pelo desenvolvimento da indústria automobilística e baixos custos do petróleo, com o fim da Segunda Guerra Mundial. O esforço de investimento resultou no volume atual de 1,7 milhão de quilômetros de estradas, sendo 196 mil asfaltados. Hoje essa malha atende a uma frota de veículos da ordem de 45 milhões de unidades. Além disso, a matriz de transporte se desenvolveu em torno das rodovias, cuja participação está em 58%. Todo esse avanço, porém, não foi acompanhado de melhorias nas estradas. A partir dos anos 80, com o aumento dos juros e do serviço da dívida, os investimentos públicos despencaram. As estradas entraram em colapso e elevaram o número de acidentes e mortes nas rodovias. Esse fato deu ao País o lamentável título de campeão mundial de acidente de trânsito. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, no ano passado foram registrados 109.268 acidentes, com 6.116 mortos e 66.061 feridos. Só no primeiro semestre deste ano, o número de vítimas nas rodovias foi de 3.230 pessoas, 10% maior que o verificado em igual período de 2006. O número equivale a mais de 16 acidentes como o que ocorreu em Congonhas com o Airbus da TAM, em julho. Parte do aumento dos acidentes neste ano é atribuída ao apagão aéreo, que provocou a migração de passageiros do transporte aéreo para o rodoviário.

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