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‘Somos mais generosos do que podemos’

Especialista defende que o governo faça reformas que modernizem a gestão das contas

Por Alexa Salomão
Atualização:

O economista Marcos Lisboa, presidente do Insper, faz parte do grupo de especialistas que defende, além do ajuste fiscal de curto prazo, que o governo faça o ajuste de longo prazo, com reformas que modernizem a gestão das contas. 

Por que é preciso fazer uma reforma fiscal de longo prazo?

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Porque estamos gastando mais dinheiro do que temos, sendo mais generosos do que podemos ser. 

Um exemplo.

A regra de aumento do salário mínimo. Não tem que ter regra para isso. Todo mundo quer fazer o discurso simpático, mas não é sustentável. Para financiar o aumento de salário mínimo de um lado é precisa aumentar impostos do outro. Aí, todo mundo vai ter uma renda menor. Tira do bolso esquerdo para colocar no bolso direito.

Quais seriam as mudanças mais importantes?

São três. A primeira é na Previdência. As regras de aposentadoria são muito generosas. A mulher, por exemplo, pode se aposentar aos 52 anos. Nenhum país do mundo tem uma regra dessas. É preciso aumentar o tempo de contribuição e elevar a idade de aposentadoria para 60, 65 anos. A mesma coisa vale para os homens. Precisamos de uma agenda da qualidade da política pública. Por exemplo. É preciso rever o Plano Nacional de Educação. Ele prevê quase R$ 200 milhões a mais para a educação. Não fica de pé. O gasto com educação cresce há mais de 10 anos sem resultado. Antes de botar mais dinheiro a gente precisa entender porque o fracasso. Também é preciso fazer um levantamento – uma espécie de comissão fiscal da verdade – dos programas de concessão de benefícios. Quem recebe o que e quanto. Tem bolsa para tudo. Não estou falando do bolsa família, que é bem feitinho. Tem avaliação. Você sabe quem recebe. Falo de outros benefícios que ninguém sabe direito para onde vai. Aí precisamos de uma agenda de transparência: critérios de concessão, métricas de resultado e prazo para acabar.

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São todas medidas impopulares. A sociedade tende a resistir.

Ou é isso ou uma crise aguda. Vai ter que faze reformas, principalmente a da Previdência. Por bem ou por mal. 

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