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Sorgo sacarino cresce de olho no potencial do mercado de etanol

Por Fabiola Gomes
Atualização:

Visto como opção para complementar a oferta de etanol na entressafra, o sorgo sacarino pode ter a área de plantio quintuplicada nesta temporada, para até 100 mil hectares, apoiado no interesse da indústria e na oferta de recursos para custeio, aponta pesquisador. "Poderemos ser umas cinco vezes maior do que fomos no ano passado", disse o Frederico Durães, pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo. "É um nicho, para trabalhar na entressafra. Nós, no Brasil, estamos prontos para isso", acrescentou. Ele lembra que na safra 2010/11, cerca de 3 mil hectares foram cultivados com o sorgo sacarino, área que saltou no ciclo seguinte para quase 18 mil hectares. A cultura foi incluída no Plano Agrícola e Pecuário 2012/13, com recursos de 270 milhões de reais para o custeio na atual temporada. O pesquisador lembra que ao menos 15 usinas trabalharam com o sorgo sacarino na última temporada, e a expectativa é que neste ano já possa envolver mais de 30 indústrias. MELHORIAS Segundo Durães, o trabalho conjunto entre pesquisadores, governo e indústria estimula a evolução e melhoramento das sementes do sorgo sacarino, que chegou a ser cultivado no Brasil na década de 80, por ocasião do programa PróAlcool, e agora volta a ganhar terreno. Ele observa que estes trabalhos têm permitido, por exemplo, o salto na produtividade do sorgo sacarino, que inicialmente rendia 1,4 mil litros por hectare, passando para 2,4 mil litros de rendimento por hectare. Durães explica que o setor ainda vive a chamada curva de aprendizagem, mas com potencial para atingir níveis maiores de rendimento. E acrescenta que o rendimento deve crescer novamente com a oferta maior de crédito, novas cultivares disponíveis e os investimentos em adubação e aplicação adequada de defensivos. Representantes do setor, reunidos em Ribeirão Preto (SP) em evento nesta quinta e sexta-feira, se organizaram por meio da criação de um comitê gestor da parceria público-privada (PPP), para discutir metas de referência, impactos dos custos e os próximos passos para a cultura. CENÁRIO O gerente-geral da Ceres Sementes do Brasil, William Burnquist, diz que o sorgo sacarino deve ser considerado uma cultura estratégica, que pode ser cultivada no intervalo da safra da cana, entre novembro e março. A empresa já comercializa a semente para 14 usinas com unidades espalhadas em São Paulo, Estado líder na produção de cana, Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, totalizando área de 3,5 mil hectares. "(O sorgo sacarino) Pode entrar na área de reforma dos canaviais. O produtor planta em novembro, 120 dias depois, em março, ele está pronto para colher... quando ainda não se iniciou a moagem da cana", explicou. Mas diferentemente da cana, cujo cultivo é feito a partir das mudas, no caso do cereal são usadas sementes. Este seria um investimento necessário: compra ou aluguel de máquinas para semeadura. Segundo ele, a cultura pode usar a mesma estrutura das usinas de cana, o que permitiria elevar a oferta entre 8 e 10 por cento sem a necessidade de fazer investimentos extras em capital (capex). "É uma maneira de aumentar a oferta de etanol de forma mais rápida, e sem necessidade de investimentos", disse. Além disso, ao estender a safra, o sorgo também permite diluir o custo fixo das usinas. "Acrescentar um ou dois meses de safra, é extremamente importante para a rentabilidade de usina... reduz o custo por litro de etanol produzido", acrescentou.

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