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Sucesso de Austin, no Texas, atrai pessoas e empresas

Cidade tem baixos índices de desemprego, impostos reduzidos, uma das melhores universidades do país e ambiente de negócios favorável

Por CLÁUDIA TREVISAN , AUSTIN e TEXAS
Atualização:

A cada dia, uma média de 110 pessoas se mudam para Austin, a cidade dos Estados Unidos que tem o mais rápido crescimento populacional do país. Movida por uma economia que foi das primeiras a sair da recessão, a capital do Texas exibe índices de desemprego compatíveis com atividade a todo vapor e salários que crescem acima da moribunda taxa nacional.Com impostos baixos, uma das melhores universidades americanas, ambiente de negócios favorável às empresas e uma agressiva política de atração de investimentos, Austin também se tornou o destino de companhias que antes tinham endereços na Califórnia ou em Nova York e a opção de algumas gigantes de tecnologia fora do Vale do Silício.Em 2012, a Apple escolheu Austin para construir seu maior câmpus depois do que mantém em Cupertino, na Califórnia, com investimento de US$ 300 milhões. Há dois meses, a Dropbox anunciou que ampliará sua presença na cidade, com aumento do número de empregados de 30 para 200. A empresa tem hoje 350 funcionários em todo o país e receberá incentivos fiscais de US$ 1,74 milhão. Casos como esses contribuíram para a queda do desemprego na área metropolitana para 4,4% no mês passado, 2,3 pontos porcentuais abaixo da média nacional de 6,7% no mesmo período. Em 2013, Austin ficou em primeiro no ranking de cidades com melhor performance econômica do Milken Institute, com sede na Califórnia. A história de sucesso da capital texana não é acidental e reflete estratégicas desenvolvidas nas últimas três décadas pela elite empresarial, a academia e o governo. A mais recente ocorreu depois do estouro da bolha da internet, no início dos anos 2000. Com grande participação do setor de tecnologia na economia, Austin perdeu mais empregos que a média nacional entre 2001 e 2004, lembra Michele Skelding, vice-presidente da Câmara de Comércio de Austin.Diversificação. Para que a experiência não se repetisse, a entidade desenvolveu um plano para diversificar a economia, pela atração de empresas de segmentos promissores e formação de mão de obra. A ofensiva é financiada por um fundo que já recebeu US$ 52 milhões desde 2004, 90% do setor privado.Para 2014, as áreas prioritárias são manufatura avançada, mídia digital, gestão de dados, energia limpa e ciências da vida, que envolve pesquisas e serviços médicos e hoje é liderada por Boston. Nesse último caso, a ambição de Austin será mais uma vez sustentada pela academia, com a abertura da Faculdade de Medicina da Universidade de Texas em 2016. A cidade também conta com o apoio do governador Rick Perry, que faz viagens periódicas a outros Estados para tentar convencer empresas a se transferirem para o Texas. Segundo a Câmara de Comércio, 310 empresas de outras regiões se mudaram ou incluíram Austin em suas operações desde 2004. O balanço de dez anos do plano mostra a criação de 206,8 mil empregos e o aumento de US$ 10,5 bilhões na folha de salários.No topo da lista de atrativos está uma das populações mais bem educadas dos EUA - 45% dos moradores de Austin com mais de 25 anos têm formação universitária, quase o dobro dos 26% em todo o Estado. Mas Austin também oferece um ambiente de pouca regulação e a inexistência de Imposto de Renda pessoal e corporativo.Um dos três laboratórios de pesquisa da IBM nos EUA fica na capital texana, onde 15 PhDs trabalham sob comando do engenheiro Kevin Nowka. Entre eles, Ravi Arimilli, o maior inventor da IBM, que já deu à empresa 500 patentes em 20 anos. "Algum dia, ele vai superar Thomas Edison", diz Nowka, em referência ao inventor que registrou 1.093 patentes entre o fim do século 19 e início do 20. Segundo ele, das cerca de 6 mil invenções que a IBM patenteou em todo o mundo, 1 mil saíram de Austin, número que só é inferior ao de Nova York.A reputação inovadora da cidade foi reforçada em 1984, quando Michael Dell criou a empresa de computadores que leva o seu nome no dormitório que tinha na Universidade do Texas em Austin. A Dell é o maior empregador privado da região metropolitana, com cerca de 14 mil funcionários. Mas a indústria local da criatividade vai muito além da tecnologia e abarca cinema, games, internet e o maior festival de música do mundo. Esses setores se unem todos os anos sob o mesmo guarda-chuva na South by Southwest (SXSW), megaevento de interatividade, filmes e música que domina Austin por dez dias. A edição 2014 foi realizada em março e recebeu a inscrição de 72 mil pessoas para suas três fases, pela primeira vez com a participação oficial do Brasil.Cidade democrata cercada por um mar de republicanos, a capital texana tenta conciliar a afluência econômica e sua identidade hippie e transgressora com o lema repetido à exaustão por muitos de seu 1,8 milhão de moradores: "Keep Austin Weird" (Mantenha Austin Esquisita).

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