Enquanto governos de países emergentes adotam medidas para elevar a taxa de juros, a Suíça caminha em uma direção contrária. Na manhã desta quinta-feira, 18, o Banco Nacional da Suíça (o BC local) anunciou que, a partir de 2015, o país terá oficialmente uma taxa de juros negativa. A meta é a de evitar que os bancos suíços continuem sendo alvo de uma inundação de capital depois que o país passou a ser refúgio das fortunas e investimentos mundiais por conta da instabilidade no resto do mundo.
A partir do final de janeiro, o BC suíço vai impôr uma taxa negativa de 0,25% sobre as contas e investimentos acima de US$ 10 milhões.
A medida tem como meta reduzir o valor do franco suíço, moeda que passou a ser pressionada diante das incertezas sobre o euro e, mais recentemente, diante do colapso do rublo, na Rússia.
O caos no mercado russo e a queda nos preços de petróleo levaram investidores a buscar locais seguros para aplicar seus recursos. A Suíça, nos últimos dias, passou a ser um destino privilegiado do dinheiro.
Mas o anúncio levou, por enquanto, a moeda suíça a valores ainda mais baixos. Para cada euro vendido, os bancos estavam dando 1,201 francos suíços. Na prática, a taxa de juros negativa vai exigir que os investidores paguem para deixar seu dinheiro na Suíça. A esperança é de que, com isso, o capital evite em parte o mercado suíço e busque outros destinos. A entrada menor de dinheiro, por sua vez, impediria uma pressão sobre a moeda nacional.
Com apenas 7 milhões de habitantes, a Suíça precisa de suas exportações para manter uma baixa taxa de desemprego. Mas, com um franco valorizado demais, as vendas podem sofrer.
Em um comunicado, o BC suíço indicou que "nos últimos dias uma série de fatores levou a um aumento por investimentos seguros". "A introdução de taxas de juros negativas torna menos atraente ter investimentos em francos", explicou.
"Essa medida garante um espaço para respirar", declarou o representante do UBS, Geoffrey Yu. "Se você quiser comprar francos agora, isso terá um custo".