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Talvez Levy não saiba lidar com a economia ou com o Congresso, diz Cunha

Presidente da Câmara, Eduardo Cunha, disparou contra o ministro da Fazenda, rebatendo a entrevista de Levy sobre responsabilidade do Congresso na deterioração do cenário econômico

Por Daiene Cardoso , Bernardo Caram e Daniel de Carvalho
Atualização:

BRASÍLIA - Após reunião com o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), saiu disparando contra o ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Ao rebater entrevista de Levy ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, sobre a responsabilidade do Congresso na deterioração do cenário econômico, Cunha disse que o ministro "talvez não saiba lidar com a economia ou com o Congresso". 

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Cunha lembrou que todas as medidas do pacote do ajuste fiscal enviadas pelo Executivo ao Congresso foram aprovadas pela Câmara. "(Ele) não tem o que reclamar", afirmou. 

O peemedebista destacou que "não foi o Congresso quem deprimiu a economia". "Agora, se o ajuste fiscal dele tinha R$ 25 bi de expectativa de aumento de receita e o País perdeu neste ano R$ 122 bi de arrecadação tributária, não foi o Congresso", emendou.

Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Sobre a decisão da agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P) que alterou a perspectiva do rating BBB- do Brasil de estável para negativa, o presidente da Câmara disse que se trata de uma constatação que vai na mesma linha que ele vem falando nos últimos dias. "A Standard & Poor's começou um processo que deverá ser replicado pelas demais agências que medem o grau de investimento. É preocupante sim", comentou.

Para o peemedebista, o cenário é negativo devido à deterioração da atividade econômica e pela "pela incapacidade do governo de cumprir compromissos". "Por isso a revisão da meta", declarou. Ele afirmou que a crise política "de certa forma restringe os horizontes para se consertar os problemas da economia" e que as duas crises combinadas pioram as perspectivas para o País.

Cunha reconheceu também que a Operação Lava Jato interfere no cenário econômico, mas não a ponto de comprometer o PIB brasileiro. "Não acho que a Lava Jato é culpada pela queda PIB, ninguém é maluco. A queda do PIB vai ser muito maior do que a queda que ela (Dilma Rousseff) anunciou que pode ser impactada pela Lava Jato", respondeu. Neste contexto, o presidente da Casa deu como exemplo a retração dos investimentos em obras públicas, os problemas enfrentados pela Petrobras e o envolvimento das grandes empreiteiras.

Barbosa. Cunha se reuniu com o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, por aproximadamente uma hora na Câmara. O deputado disse que a audiência foi solicitada por Barbosa, que veio explicar o projeto do Executivo sobre a revisão da meta fiscal. 

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O peemedebista contou que fez críticas ao projeto. "Essa meta do jeito que está colocada não será cumprida. Tem três variáveis de difícil cumprimento. Ele concorda comigo que o governo tem de mandar um projeto de repatriação. Sem isso torna-se difícil cumprir parte dessa meta. E mesmo assim é uma receita incerta, não se tem a garantia que o montante será atingido. São três metas duvidosas", afirmou. 

De acordo com Cunha, Barbosa concordou com sua posição de que é o governo quem precisa mandar um projeto sobre a repatriação de recursos no exterior. "O governo que edita uma medida provisória 683, que condiciona a repatriação de capitais e eles não mandam o projeto e condiciona a meta a uma repatriação que ele não manda um projeto. Isso por si só não é inteligente politicamente", atacou. 

"Se o governo tem interesse e precisa, que mande o projeto. Não somos contra votar. O que somos contra é assumir a autoria de algo que o governo precisa e com a qual não tem unanimidade na Casa".

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