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Taxa de desemprego sobe para 13,1% no 1º trimestre do ano

Resultado representa 13,7 milhões de desocupados, aponta IBGE; no último trimestre do ano passado, taxa estava em 11,8% e na mesma época de 2017, o desemprego atingiu o pico em 13,7%

Por Daniela Amorim (Broadcast)
Atualização:

RIO - A taxa de desocupação no Brasil ficou em 13,1% no trimestre encerrado em março, de acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados nesta sexta-feira, 27, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em números absolutos, o resultado representa  13,7 milhões de desocupados. O resultado veio em linha com o Projeções Broadcast que previa  taxa de 12,2% a 13,5%, mas um pouco acima da mediana de 12,9%.

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Na mesma época de 2017, o desemprego atingiu o pico, em 13,7% Foto: Marcos Santos/USP-Imagens

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No trimestre móvel finalizado em fevereiro, com 13,1 milhões de brasileiros desempregados, a taxa estava em 12,6%, já mais alta também que no fim do quarto trimestre (11,8%). O confronto entre esses dois trimestres ainda revelou redução de 408 mil pessoas (- 1,2%) no total de empregados do setor privado com carteira de trabalho assinada. Na mesma época de 2017, contudo, o desemprego atingiu o pico, em 13,7%

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Segundo o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, nesse período do ano é de se esperar um aumento da desocupação, por causa da dispensa de trabalhadores temporários: “Teve um movimento sazonal atuando, mas houve uma dispensa expressiva de trabalhadores e isso, consequentemente, se reverteu em uma perda expressiva de postos de trabalho e no aumento de pessoas na fila da desocupação”.

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Embora o início do ano seja desfavorável à queda da desocupação, há certa preocupação com o ritmo de recuperação do mercado de trabalho, assim como o da atividade econômica. 

"Ou seja, da mesma forma que temos testemunhado em outros indicadores de atividade recentemente, houve mesmo uma melhora nas condições do mercado de trabalho, mas em um ritmo que continua a contrastar dramaticamente com as expectativas - com as quais não concordamos – de forte crescimento econômico em 2018", escreveram em relatório os economistas Jankiel Santos e Flávio Serrano, do Haitong Banco de Investimento do Brasil.

Postos. A extinção de 1,528 milhão de postos de trabalho no primeiro trimestre de 2018 tem relação com a sazonalidade característica desse período do ano, quando trabalhadores temporários contratados ao fim do ano anterior são dispensados. No entanto, o ritmo lento de recuperação da atividade econômica também pode estar por trás do mau desempenho do emprego, avaliou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE. "É comum ter corte de vagas, devido à sazonalidade. Tem contratação de temporários no fim do ano e no início do ano seguinte tem a dispensa desses trabalhadores. Geralmente eles atuam mais nos serviços e no comércio", apontou Azeredo. "Não é só pelo fator da sazonalidade, tem aí a perda pelo desaquecimento da economia também", completou.

O comércio dispensou 396 mil trabalhadores no primeiro trimestre, mas houve demissões consideráveis também na indústria (-327 mil vagas), construção (-389 mil vagas), administração pública, educação e saúde (-267 mil empregos) e serviços domésticos (-169 mil vagas). Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgados hoje pelo IBGE. "Na construção, o problema são essas obras paradas, há vários empreendimentos imobiliários parados. Na indústria, é a crise política, a crise econômica. Quando a indústria é afetada, quando a construção é afetada, as pessoas acabam perdendo emprego, e você vai ter uma queda na ocupação no comércio também, com as pessoas comprando menos", explicou Azeredo. Com um maior contingente de desempregados e a renda da família afetada, caiu também o total de empregados domésticos, segundo o IBGE. "Ao contrário do que aconteceu no passado, você não está perdendo empregada doméstica aqui (na pesquisa) porque ela arrumou uma vaga melhor em outra área. É falta de oportunidade mesmo, é porque a população não está conseguindo manter a empregada doméstica", justificou Azeredo. / COLABOROU THAÍS BARCELLOS

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