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'Técnicas para o solo podem ser usadas tanto aqui quanto em Marte'

Brasileiro participou de missão da Nasa que enviou robô Curiosity a Marte; projeto inspirou criação de um robô para análise do solo apresentado por Embrapa e USP

Foto do author Anna Carolina Papp
Por Anna Carolina Papp
Atualização:

Nascido em Moema, pequena cidade de Minas Gerais, Ivair Gotijo, engenheiro de sistemas da Nasa, trabalhou na missão que inspirou os pesquisadores brasileiros na criação do rover Mirã.

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1. Qual foi a sua participação no robô Curiosity, enviado a Marte?

Trabalhei no MSL (Mars Science Laboratory), que mandou o rover Curiosity para Marte. Liderei a equipe que construiu os transmissores e receptores do radar que controlou a descida final em Marte. O nosso equipamento media a distância que a gente estava do solo e a velocidade de descida, e passava essa informação para um computador que controlava foguetes para diminuir a velocidade, porque o veículo desceu com suas próprias rodas.

2. Como o senhor descobriu que a Embrapa e a USP estavam desenvolvendo um modelo similar para a agricultura?

Foi por acaso. Eu estava dando uma palestra no Instituto de Física da USP em São Carlos, em maio deste ano, e uma das pesquisadoras da Embrapa (Débora Milori) assistiu à minha palestra. Nós conversamos e ela me convidou a vir à Embrapa conhecer o trabalho deles, que é pioneiro. Eles desenvolveram um instrumento para medidas do solo aqui que é muito parecido com um dos instrumentos que foi para Marte e está sendo usado lá para estudar as rochas marcianas. É interessante ver que é possível usar essas técnicas físicas tanto no outro mundo, em Marte, como aqui na Terra para desenvolvimento da agricultura, para estudo e composição do nosso solo.

3. Em qual projeto o senhor está trabalhando no momento?

Desde 2010, estou trabalhando num outro estudo. Estamos planejando mandar uma sonda, um satélite para a Europa, que é a segunda lua do planeta Júpiter. Júpiter tem 67 luas: as quatro maiores, mais próximas do planeta, foram descobertas em 1608, pelo Galileu, e a Europa é a segunda delas. Essa lua é coberta por uma camada muito espessa de gelo, e a gente acredita que abaixo do gelo existe um oceano de água líquida e salgada. Então, a gente quer mandar uma missão para Júpiterpara confirmar a presença desse oceano e fazer medidas para ver a habitabilidade dessa lua - se vida poderia se desenvolver lá.

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