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Tecnologia muda a cara do campo

Evento da Embrapa mostra de robôs para análise do solo a equipamentos que controlam a aplicação aérea de insumos

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Por Anna Carolina Papp
Atualização:

O futuro da agricultura passa pela tecnologia. No Simpósio Nacional de Instrumentação Agropecuária (Siagro), em São Carlos, foram apresentados alguns projetos que estão na trincheira da inovação do campo, que vão de robôs para análise de solo, análogos ao utilizado em Marte pela Nasa, a cochos que medem em tempo real a emissão de gases de efeito estufa por bovinos enquanto eles se alimentam. "Nesse evento, revisamos os conceitos mais modernos e avançados em máquinas, equipamentos e sensores, para que a agricultura seja cada vez mais dinâmica, moderna e automatizada", diz Maurício Lopes, presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), responsável pela realização do simpósio. Ele afirma que não há como escapar da tendência mundial de intensificar a automação. "É preciso investir em mais máquinas e mais tecnologia, com dois objetivos: primeiro, lidar com a escassez de mão de obra, já que a população rural tem se tornado cada vez mais escassa; e, segundo, tornar o trabalho no campo menos penoso, para conseguirmos atrair uma nova geração de trabalhadores." A apresentação mais aguardada foi o protótipo de um jipe-robô (ou rover) que, com o sistema "libs duplo pulso", faz a análise química completa de uma amostra de solo ou cultura. Com a mesma tecnologia do rover Curiosity, enviado pela Nasa a Marte para análise de rochas, o modelo brasileiro, desenvolvido numa parceria entre a Embrapa Instrumentação e a USP São Carlos, foi apelidado de Mirã, que significa "futuro", em tupi-guarani. Uma das novidades apresentadas pela Embrapa Pecuária foi o sistema GreenFeed, que mede a emissão de gases de efeito estufa em bovinos. A instituição foi a primeira na América Latina a utilizar o aparelho, produzido nos EUA. Em confinamento, quando os animais visitam o cocho para comer a ração, o sistema coleta a emissão de gás carbônico e metano do bovino, que logo é computada e exibida num monitor. Amostras. "A gente usava uma outra tecnologia, que era de colocar um cabresto no animal", diz o pesquisador Alexandre Berndt. "Com esse equipamento novo, temos várias amostras por dia, de vários animais." Pelo método tradicional, cada animal teria suas emissões coletadas por cinco dias seguidos, uma vez a cada estação do ano. "Usamos o equipamento constantemente de julho a setembro e acompanhamos 120 animais em confinamento", diz Berndt. "A gente tem tanto dado que agora o desafio é aprender a lidar com big data. Antes, só havia uma leitura por dia. Agora, só esse animal já entrou 26 vezes de ontem para hoje", brinca, apontando um animal que enfiava sua cabeça no cocho para comer. A instituição possui quatro aparelhos, e logo receberá mais três - só existem 60 unidades no mundo. O objetivo é aprimorar os estudos quanto à emissão de gases de efeito estufa em diferentes ambientes, rotinas de alimentação e espécies, visando aumentar a eficiência e também a sustentabilidade. Entre 2012 e 2013, a emissão brasileira de gases de efeito estufa cresceu 7,8%, segundo dados do Observatório do Clima. Já a pecuária manteve-se quase estagnada no índice: em 2013, o setor representou 26,6% do total de gases estufa no Brasil. No evento também foi apresentada uma nova tecnologia para aplicação aérea de insumos, a fim de aumentar a precisão e diminuir desperdícios. "Estamos muito preocupados em incorporar tecnologias que nos ajudem a usar insumos de maneira cada vez mais racional e segura", diz Maurício Lopes. "Esses equipamentos vão nos ajudar a aplicar adubos e defensivos na quantidade certa."

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