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Telecom Itália estuda proposta de fusão para unir TIM e Oi no Brasil

A estratégia estaria sendo costurada pelo presidente do grupo italiano, Marco Patuano, para evitar a compra da TIM

Por Monica Scaramuzzo
Atualização:
A Telecom Itália foi preterida pela Vivendi e busca se consolidar no Brasil Foto: Alessandro Bianchi/Reuters

Em uma reviravolta que pode mudar os rumos do movimento de consolidação no mercado de telecomunicações no País, a Telecom Itália, controladora da TIM Brasil, estaria analisando uma parceria com a Oi, segundo o jornal italiano 'Il Sole 24 Ore'. A proposta, se concretizada, tem como objetivo evitar que a TIM Brasil se torne alvo de compra da própria Oi, que contratou o BTG, no mês passado, para intermediar uma proposta de compra da TIM.

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A estratégia estaria sendo costurada pelo presidente do grupo italiano, Marco Patuano, que aguarda a assembleia de acionistas da companhia, marcada para o dia 25, para discutir o futuro da TIM Brasil, segunda maior operadora de celular no País. Fontes ouvidas pela Bloomberg afirmaram que o grupo já teria consultado assessores financeiros sobre a possibilidade de usar a TIM para comprar a Oi (quarta maior operadora brasileira).

O grupo trabalha com duas propostas: a venda da TIM, diante de uma oferta estratosférica, e a segunda opção é promover uma aliança ou fusão, criando uma nova companhia. A Oi ainda não foi comunicada oficialmente. Procuradas, Oi e TIM não comentaram o assunto.

"A consolidação é uma realidade. O fato é que a Oi será protagonista desse movimento seja qual for a decisão que será tomada", disse uma fonte familiarizada com o assunto. A Oi trabalha, neste momento, com o cenário de ser uma consolidadora. A América Móvil, dona da Claro, informou na semana passada que considera a proposta de participar do fatiamento da TIM. A Telefônica, segundo fontes, também deverá participar, mas aguarda concluir as negociações para comprar a GVT, que pertence à francesa Vivendi.

A Telecom Itália foi preterida pela Vivendi e busca se consolidar no Brasil. Pesa contra a Oi o fato de a operadora ser alavancada, com dívidas de R$ 46,2 bilhões e valor de mercado de R$ 14,2 bilhões. O valor de mercado da TIM é avaliado em US$ 14 bilhões.

Ações. As notícias sobre a possível fusão entre TIM e Oi fizeram com que os papéis da operadora brasileira registrassem ontem a maior alta do índice Bovespa. O papel PN fechou com valorização de 8,61%, a R$ 1,64, depois de bater a máxima de R$ 1,72. Já os papéis da TIM lideraram as quedas do Ibovespa, com desvalorização de 4,14%, a R$ 13,20. Segundo analistas, a TIM caiu porque o novo cenário não seria mais de uma proposta de compra da empresa no Brasil, como esperado.

A disposição da Telecom Itália em contra-atacar a oferta da Oi já repercutiu em Brasília, onde autoridades da área passaram a considerar essa alternativa mais "palatável" ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Uma fusão entre TIM e Oi enfrentaria menos restrições do que a eliminação da italiana do mercado brasileiro, com o fatiamento entre Oi, Claro e Telefônica.

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A avaliação, feita por uma fonte graduada do governo, vê com ressalvas as diversas especulações em torno do movimento de consolidação do setor de telecomunicações. Afinal, nos dois cenários haveria uma redução na quantidade de empresas prestando o serviço móvel de internet e telefonia no Brasil.

Um ex-integrante do Cade, familiarizado com o assunto, admitiu que essa tese "faz sentido", mas ressaltou que uma análise do órgão antitruste levaria em consideração dados mais complexos. Até porque, ressaltou ele, qualquer redução de competidores em um mercado já concentrado sempre tem efeitos concorrenciais relevantes. /COLABORARAM NATALIA GÓMEZ e EDUARDO RODRIGUES

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