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Temer deve seguir 'caminho Itamar' na gestão da economia, afirma Mendonça de Barros

Segundo economista, peemedebista deve enfrentar o problema maior que é 'tirar o Brasil dessa cavalar crise'

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RIBEIRÃO PRETO - O economista José Roberto Mendonça de Barros, sócio da MB Associados, afirmou, em entrevista ao Broadcast, que o presidente interino Michel Temer (PMDB) poderá seguir, na gestão da economia, um dos caminhos já tomados por outros vices peemedebistas que assumiram a Presidência da República em circunstâncias extraordinárias: José Sarney e Itamar Franco. Para Mendonça de Barros, ao ser ratificado no cargo com a confirmação da cassação de Dilma Rousseff (PT), Temer deveria seguir a linha de Itamar "e enfrentar o problema maior que é tirar o Brasil dessa cavalar crise", e descartar o adotado por Sarney, "um exemplo de acomodação do ponto de vista econômico". Mendonça de Barros avaliou que embora Sarney, ao assumir o cargo, em 1985, tenha agido bem ao implantar a democracia após a ditadura militar, o cenário durante mandato do ex-presidente foi de acomodação em relação à crise. O economista considera, aliás, que essa foi a ação de Temer durante a interinidade do governo, iniciada em maio. "Se (Temer) continuar, como nos últimos meses, apenas acomodando a situação como fez Sarney, podemos ter problemas", afirmou ele que esteve em Ribeirão Preto (SP) para um seminário do banco BRP.

Após impeachment, Temer deverá enfrentar os problemas da economia Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Já o governo de Itamar, iniciado em outubro de 1992 após a cassação do ex-presidente e atual senador Fernando Collor (PTC-AL), começou "titubeante e cheio de problemas" na avaliação de Mendonça de Barros, mas terminou "muito bem porque ele enfrentou os problemas da economia", opção que deveria ser seguida por Temer. "A vantagem é que está evidente para todos, e certamente para o Planalto, que o problema maior, o fiscal, tem de ser enfrentado", disse o economista. Mendonça de Barros avalia que o mercado deve dar alguma trégua a Temer logo após ele ser efetivado na Presidência da República e que será necessária a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita à inflação os gastos públicos, para o presidente em exercício ter a confiança ratificada. "A PEC dos gastos será o divisor de águas e tem de ser aprovada até o final do ano, lembrando que há a dificuldade de reunir o Congresso por conta das eleições". O sócio da MB Associados avaliou como fundamental a materialização das metas fiscais previstas com déficits de R$ 170,5 bilhões, para 2016 e de R$ 139 bilhões, para 2017 e ainda "medidas infraconstitucionais para caminhar nessa direção", como a renegociação da dívida dos estados, que os obriga a também fazerem um ajuste fiscal. "É preciso preparar um conjunto de projetos de concessão e privatização que é chave para sustentar alguma melhora no investimentos e propor medidas para a previdência e reforma trabalhista", completou Mendonça de Barros.