PUBLICIDADE

‘TIVEMOS DE PEDIR LEITE PARA OS VIZINHOS’

O casal Rogério Marques de Souza e Ana Paula Xavier, com dois filhos, trabalhava na Mabe, fabricante de linha branca que teve a falência decretada

Por
Atualização:

Com a filha Larissa, de cinco anos, o casal Rogério Marques de Souza e Ana Paula Xavier passam os dias nas instalações da Mabe, em Hortolândia, desde segunda-feira. Só retornam para casa à noite.

PUBLICIDADE

Souza tem 33 anos e está na Mabe há 8 anos. Ana Paula, de 36 anos, é funcionária há 14 anos. Ambos são operadores de produção e, sem salários, contam com ajuda da sogra para comprar mantimentos. “Teve dois dias em que ficamos sem nada. As crianças choravam de fome e tivemos de pedir leite para os vizinhos”, conta Souza. Além de Larissa, eles têm uma bebê de 1,3 ano.

Os salários na Mabe variam de R$ 2,3 mil a R$ 3 mil. Estão atrasados os pagamentos de parte do 13.º, os salários de dezembro a fevereiro e nos últimos meses o FGTS não foi depositado. Também não há dinheiro para as rescisões.

A pedido da massa falida, a Justiça solicitou à Caixa Econômica Federal a liberação do FGTS e do seguro-desemprego, embora ainda não tenha sido dada baixa nas carteiras de trabalho dos funcionários. Para quem já entrou com o pedido, a Caixa deu prazo de até dez dias para análise.

A Capital Administradora propôs aos trabalhadores realizar um mutirão com pessoal da área de Recursos Humanos para dar baixa nas carteiras e entregar os termos de rescisão, entre outras medidas. Para isso, pede a desocupação das fábricas, não aceita pelos funcionários.

A Capital pode entrar na Justiça com pedido de posse da área. “Estamos dispostos a enfrentar qualquer ação; se houver repressão teremos mais gente, além dos trabalhadores, para nos ajudar no enfrentamento”, diz Sidalino Orsi, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.