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TJ suspende arresto dos bens de Mansur

Liminar foi concedida depois que o juiz do caso Mappin mandou bloquear o patrimônio do empresário e de outras cinco pessoas

Por David Friedlander
Atualização:

Uma tentativa de arrestar o patrimônio pessoal do empresário Ricardo Mansur, ex-dono das lojas Mappin e Mesbla, acabou derrubada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. O tribunal concedeu uma liminar suspendendo o bloqueio dos bens de Mansur, de outras cinco pessoas e de várias empresas, supostamente laranjas - que tinha sido determinado pelo juiz Luiz Beethoven Ferreira, responsável pelo processo de falência do Mappin.O objetivo do magistrado era encontrar bens que Mansur supostamente teria ocultado das autoridades e usá-los para pagar os credores de Mappin. A Justiça tem indícios de que Mansur estaria escondendo, em nome de terceiros, carros de luxo, imóveis, empresas e até um avião executivo. As empresas de Mansur faliram há dez anos. Além do Mappin e da Mesbla, era dono do banco Crefisul e de empresas de consórcio, entre outras. O empresário deixou uma dívida estimada anos atrás em R$ 2 bilhões a R$ 3 bilhões, mas vinha levando uma vida de ostentação financeira em Ribeirão Preto (SP).Em menos de um ano, ele comprou duas usinas de açúcar e álcool na região de Ribeirão e uma faculdade no Espírito Santo. Como seus movimentos chamaram a atenção dos credores e a Justiça apertou o cerco contra ele, nos últimos meses Mansur devolveu a faculdade e uma das usinas. Investigação. Para descobrir de onde vem o dinheiro de Mansur, já que ele praticamente não tem mais nada em seu nome, em março, o juiz Beethoven nomeou um segundo síndico para a massa falida do Mappin. O objetivo, descrito no despacho do magistrado, seria trabalhar exclusivamente na "obtenção de ativos eventualmente desviados, ou malversados", por Mansur. O novo síndico, o advogado Afonso Braga, fez o levantamento que baseou o pedido de sequestro dos bens do empresário. E foi ele, também, o motivo alegado pelo Tribunal de Justiça para suspender o bloqueio determinado pelo juiz Beethoven.Tão logo a ordem de bloqueio saiu, os advogados de Mansur recorreram. Eles alegaram que a legislação não prevê a presença de dois síndicos num mesmo processo de falência. O desembargador Sebastião Carlos Garcia aceitou o argumento e liberou o patrimônio de Mansur e de seus supostos laranjas de novo - até que a corte julgue se uma falência pode ou não ter dois síndicos. Procurado, o desembargador está em férias, segundo a assessoria do tribunal. Os advogados de Mansur não quiseram dar entrevista.Avião. No seu relatório à Justiça, o síndico nomeado para rastrear os bens de Mansur afirma ter indícios de que, além das empresas que agora está devolvendo, Mansur teria comprado imóveis em Ribeirão Preto, vários carros de luxo e seja dono de um jato executivo que de vez em quando aparece no aeroporto de Ribeirão.No documento, Afonso Braga, o síndico, afirma ter levantado informações de que, nessas ocasiões, tripulantes estrangeiros ficariam hospedados num hotel da cidade à disposição do empresário.De acordo com Braga, para esconder seus bens da Justiça, Mansur teria criado um emaranhado de empresas e de pessoas que fazem negócios em nome dele, com o intuito de despistar as autoridades.Por isso, o síndico sugeriu ao juiz do caso o bloqueio dos bens de várias empresas e cinco pessoas, entre elas a segunda mulher de Mansur, Roberta, e o ex-campeão mundial de boxe Miguel de Oliveira, atualmente segurança e professor de ginástica do empresário.

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