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Todos queremos juros mais baixos, diz presidente do BC

Ilan Goldfajn também afirmou que alcançar o centro da meta (4,5%) já em 2016 traria um custo de desinflação muito alto em termos de atividade da economia

Por Fabrício de Castro
Atualização:

SÃO PAULO - O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou na tarde desta terça-feira, 13, que "todos nós queremos juros mais baixos. Esse também é o desejo do BC". Durante discurso em São Paulo, ele acrescentou que "a questão é como chegar lá".

"É importante fazê-lo [reduzir os juros] de forma responsável para ser sustentável no longo prazo. Caso contrário, a trajetória será revertida lá na frente", pontuou.

Ilan: Há sempre um debate sobre a calibragem da política monetária Foto: Dida Sampaio/Estadão

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Nas duas últimas reuniões de política monetária, o BC reduziu a Selic (a taxa básica de juros) em 0,25 ponto porcentual. A decisão do encontro do fim de novembro, em especial, vem sendo criticada por setores do mercado e do próprio governo. A avaliação é de que, considerando a forte queda na atividade, o BC já teria espaço para adotar cortes maiores da taxa básica, de 0,50 ponto porcentual.

"Há sempre um debate sobre a calibragem da política monetária", disse Goldfajn no discurso de hoje. "O Copom se reúne de forma frequente e pode adequar as decisões à realidade que se apresenta", acrescentou.

Goldfajn afirmou, no entanto, que este debate não pode ser confundido com a discussão sobre os juros estruturais da economia. "Esses dependem de fatores reais, como produtividade, grau de incerteza, garantias, respeito a contratos. Reformas fiscais que coloquem em ordem as contas públicas são igualmente importantes. Mas também medidas microeconômicas que melhore o ambiente de negócios", pontuou.

Inflação. Ilan também afirmou que a instituição recebe críticas por buscar o centro da meta de inflação "com mais afinco". Segundo ele, "é salutar atingir as metas após anos com inflação acima do centro da meta". Para Goldfajn, postergar a busca do centro tem custos.

Ao mesmo tempo, o presidente do BC reconheceu que atingir a meta de inflação - cujo centro é de 4,5% - para este e os próximos dois anos - também tem custos. De acordo com Goldfajn, o BC é sensível ao nível de atividade e a leva em consideração em suas decisões sobre a Selic (a taxa básica de juros). A autoridade afirmou que a atividade afeta as projeções de inflação e também é vista como custo da desinflação.

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"Um processo desinflacionário mais rápido para atingir o centro da meta já em 2016 traria um custo de desinflação muito alto em termos de atividade", afirmou Goldfajn. Ele destacou ainda a importância de ancorar as expectativas e derrubar a inflação. "São esses resultados que permitem ter juros baixos no futuro", disse.

Os comentários foram feitos por Goldfajn durante o seminário "Perspectivas 2017", promovido pelo Instituto Millenium, em São Paulo.

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