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UE desmente Dilma e diz que Mercosul ainda precisa dar detalhes de acordo bilateral

Europa rebate a presidente e diz que não está convencida de que o Mercosul esteja pronto para relançar as negociações bilaterais

Por Jamil Chade
Atualização:

GENEBRA - Nesta quinta-feira, em Genebra, a comissária de Comércio da UE, Cecilia Malmstrom, indicou que Bruxelas ainda precisa receber do Mercosul mais detalhes sobre a ambição que de fato quer dar ao acordo. Ou seja, até que ponto o bloco sul-americano está disposto a abrir seu mercado. 

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Na quarta-feira, a presidente Dilma Rousseff indicou que a proposta do Mercosul estava pronta e que eram os europeus que ainda precisavam fazer consultas internas. "Muitos diziam que o Mercosul seria incapaz de construir este acordo comum. Pois fomos capazes. Cabe agora a Bruxelas concluir suas consultas internas para que possamos definir a data para a troca das respectivas propostas", disse Rousseff na cúpula do bloco cidade de Paraná, na Argentina. 

Malmstrom apresentou outra versão. "Antes de entrar em negociação (com o Mercosul), precisamos saber se estamos no mesmo nível de ambição. Precisamos de mais detalhes antes de avaliar o que eles (Mercosul) querem fazer de diferente em comparação ao que existia em 2004", disse.

Lançado em 1999, o projeto de um acordo comercial entre as duas regiões fracassou em 2004. Desde então, nem Bruxelas e nem Brasília conseguem chegar a um acordo para relançar a ideia. 

Mas, para os europeus, a responsabilidade não é da UE. "O bloco (Mercosul) não se moveu, por muitas razões", disse. 

Segundo ela, uma vez recebida a proposta detalhada do nível de ambição que o Mercosul quer dar ao projeto, a Comissão Europeia examinará o texto e passará o documento para que o Conselho da Europa aprove um mandato para negociar um acordo com o Mercosul. "Mas não estamos ainda neste ponto", indicou. Em janeiro, o Brasil assume a presidência rotativa do Mercosul. 

Bilateral. Num recente estudo com algumas das maiores empresas, o setor privado indicou que quer um acordo entre Brasil e Europa, mesmo sem o Mercosul. Malmstrom, porém, foi cautelosa sobre essa possibilidade. 

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"Isso seria possível apenas se o Brasil desse indicações fortes de que quer algo nesse caminho", disse. "Não cabe à UE definir isso", insistiu, enquanto seus assessores apontam que os europeus não querem ser vistos como os responsáveis por uma eventual fratura no Mercosul. 

Segundo ela, se essa for a opção, a UE teria de renegociar seu mandato para dialogar com o Brasil, e não mais com o Mercosul. 

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