UGT trocará prédio alugado por apenas um andar

Central já demitiu 12 dos 50 funcionários e prepara mudança de endereço para cortar custos e resistir ao fim do imposto sindical

Publicidade

PUBLICIDADE

Por Dougas Gavras
4 min de leitura

Terceira maior central do País, com 1.310 sindicatos associados, a União Geral dos Trabalhadores (UGT) vai trocar de endereço para resistir à perda de receita com o fim da contribuição obrigatória. A nova sede terá cerca de um terço do tamanho da anterior. A partir do mês que vem, a central vai deixar o prédio de oito andares que aluga atualmente no centro da capital paulista e vai passar a ocupar um andar e meio do edifício do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, perto dali, por um aluguel simbólico.

A entidade, que tinha cerca de 50 funcionários diretos, já demitiu 12 pessoas. “As centrais não sabem o que vão fazer sem a contribuição sindical, elas não estavam preparadas para isso”, diz o presidente da UGT, Ricardo Patah. “Estamos diminuindo quadro, revendo as atividades que desenvolvemos e vamos nos adequar a esse novo tamanho de orçamento, criando outras formas de receita.”

Leia também

+ CELSO MING A nova lei trabalhista e seus efeitos

Central UGT vai se mudar para um andar do Sindicato dos Comerciários. Foto: AMANDA PEROBELLI|ESTADAO

Ele diz que a UGT vai ter de buscar receita baseada em serviços, como atendimento médico, “que o associado vai precisar mais do que nunca, agora com a nova CLT. A realidade mudou, e as centrais vão precisar dialogar mais e ir mais para a rua juntas, sobretudo se passar a reforma da Previdência”.

As centrais eram mais dependentes da contribuição sindical que os sindicatos. Em algumas, o aporte obrigatório representava mais de 90% da receita anual.

Continua após a publicidade

+ Demanda por PDV em sindicato fica acima da expectativa

A Força Sindical, cuja receita dependia 95% do imposto sindical, começou a cortar seu quadro de funcionários em abril e diz ter reduzido em 20% sua mão de obra. O secretário-geral da entidade, João Carlos Gonçalves, o Juruna, diz que a central não defendia a contribuição obrigatória, mas uma contribuição voluntária, aprovada pelas categorias em assembleia. “Sempre topamos debater formas de financiamento justas para as centrais.”

No ano passado, a Força recebeu R$ 46,6 milhões de contribuição sindical – o segundo maior valor, atrás da Central Única dos Trabalhadores (CUT), que recebeu R$ 59,8 milhões. Em terceiro lugar, aparece a UGT, com R$ 44,8 milhões. A CUT nacional, que emprega cerca de 200 trabalhadores, anunciou um Plano de Demissão Incentivada (PDI).

+Morre o imposto sindical. E agora?

Segundo o presidente da central, Vagner Freitas, esse programa é uma diferença da instituição no trato com os seus funcionários. “A comissão dos trabalhadores da CUT, sem a nossa participação, aprovou por unanimidade a proposta e hoje os trabalhadores estão aderindo.” O prazo final para a adesão ao plano é 4 de dezembro. 

Ajuste. Já a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), que tem 34 funcionários na sua sede nacional, não planeja lançar um plano de demissão voluntária, segundo o presidente da central, Adilson Araújo. “Se tivermos de fazer um ou outro ajuste, será feito”, diz. A central reúne 789 sindicatos.

Continua após a publicidade

Ele admite, porém, que haverá uma queda drástica de receita com o fim da obrigatoriedade do imposto sindical. Mas a prioridade, diz, é transformar esse cenário, reduzindo despesas e gerando receitas. Como exemplo de corte de gastos, Araújo cita a proposta de criação de uma rede nacional de comunicação, com um único parque gráfico. Outra possibilidade é ter uma espécie de “Smiles sindical”, um clube de serviços para os trabalhadores, com acúmulo de pontos. Além disso, há intenção de abrir uma escola a distância para a formação de sindicalistas.

A Nova Central Sindical de Trabalhadores, por outro lado, informou, por meio de sua assessoria, que não fez alterações de planejamento por conta do fim do imposto sindical. A central reforçou o trabalho com a base, cerca de 2,5 milhões de trabalhadores, para que eles percebam no dia a dia a importância do sindicato e continuem com a contribuição voluntária nos próximos anos. 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.