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Um triciclo para brigar com as mototáxis

Forte no transporte de cargas, Motocar, de Manaus, busca autorização de prefeituras para usar seus veículos para transportar passageiros

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Empresa espera vender este ano entre 1,5 mil e 1,8 mil unidades do triciclo, conhecido popularmente como tuk-tuk Foto: Márcio Fernandes/Estadão

Com produção iniciada há dois anos em Manaus (AM), a Motocar, fabricante de triciclos para transporte de cargas e passageiros, quer popularizar no Brasil esse tipo de veículo muito usado em países como China, Índia e Peru. Uma das estratégias do grupo é dividir espaço com as mototáxis, modalidade de transporte que ganha espaço no País, especialmente nas Regiões Norte e Nordeste e no Rio de Janeiro.

A ideia é convencer os usuários da segurança e conforto que o triciclo oferece em relação às motocicletas, embora o preço da corrida seja em média 20% maior. "O triciclo é fechado e por isso protege de sol e chuva, tem cinto de segurança, bagageiro e leva dois passageiros ", informa Fabio Di Gregorio, diretor de relações institucionais da Motocar.

O grupo pretende trabalhar com prefeituras para obter autorização para usar os triciclos como táxis. Hoje, apenas 20% da produção dos veículos é voltada ao transporte de passageiros. A maior parte das vendas é para transporte de cargas.

"Há cerca de 2 milhões de mototaxistas cadastrados rodando pelo Brasil hoje", afirma Carlos Venceslau Araújo, diretor comercial da empresa. O custo médio de uma corrida de 5 km varia de R$ 3 a R$ 5 e, com o triciclo ficaria entre R$ 3,60 e R$ 6. "Só a bandeirada de um táxi comum já parte de R$ 4, em média", compara.

Conhecidos como tuk-tuk, os triciclos são importante meio de transporte na China e na Índia. No Peru, são vendidas em média 80 mil unidades por ano, informa Di Gregorio. O executivo, contudo, não gosta desse apelido, pois teme que ele possa remeter, por exemplo, ao caos do trânsito indiano.

No ano passado, a Motocar vendeu 1 mil triciclos. Este ano, a previsão da empresa é vender entre 1,5 mil e 1,8 mil unidades e 2,5 mil em 2016. A versão para passageiros custa R$ 11,5 mil, com carroceria, R$ 13,9 mil e com baú, R$ 14,9 mil.

A fábrica de Manaus tem capacidade para produzir 900 unidades por mês, mas hoje produz 120 unidades, volume que chegará a 150 a partir de junho. A fábrica emprega 100 pessoas.

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Investimentos.

A Motocar pertence à empresa Super Terminais, terminal privativo de uso misto que atende indústrias do Polo Industrial de Manaus desde 1996, liderado pela família Di Gregorio e investidores das áreas de transporte e logística.

A unidade de triciclos recebeu até agora R$ 16 milhões em investimentos. O grupo vai investir este ano mais R$ 6 milhões para nacionalizar os motores de 150 e 200 cilindradas para seus veículos, hoje importados da China. Parte da verba também será gasta no processo de homologação dos veículos para atenderem normas de emissão de poluentes.

"A maior dificuldade enfrentada pela empresa foi em relação às homologações dos modelos pois, devido à falta da cultura de triciclo no País, nunca existiram parâmetros de índices adequados ao produto nas regulamentações nacionais", informa Marcello Di Gregorio, diretor da Super Terminais. A empresa levou quase dois anos para conseguir as homologações.

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Araújo ressalta que a Motocar passou de cinco concessionárias em 2013 para 22 no ano passado e abrirá mais oito neste ano. "Só não estamos na Região Sul, por enquanto". Os dois veículos de carga, que respondem por 80% das vendas da marca, têm capacidade para 350 quilos e rodam a 70 km por hora. Os clientes mais comuns, segundo Araújo, são profissionais das áreas de hortifrutigranjeiros, floriculturas, distribuição de bujões de gás e bebidas. Não há concorrentes nacionais diretos para os triciclos da Motocar.

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