SÃO PAULO - A estratégia da China de usar suas reservas internacionais para limitar a desvalorização do yuan é um dos motivos das preocupações dos investidores com o país. O sinal de temor do governo com a fraqueza da moeda local somado a indicadores ruins - como o Produto Interno Bruto (PIB), que teve em 2015 a menor expansão em 25 anos - vem alimentando uma fuga de capital dos mercados chineses.
Hoje, a corretora Shenwan Hongyuan Securities comentou que a China voltou a registrar saídas de capital na semana até 20 de janeiro. Durante o fim de semana, a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, havia alertado para a estratégia chinesa de usar as reservas internacionais, dizendo que o "uso massivo das reservas não é particularmente uma boa ideia".
Desde agosto do ano passado, quando anunciou a inesperada desvalorização de 1,9% do yuan, o Banco do Povo da China (PBoC, o banco central do país) tem usado uma porção significativa das gigantescas reservas internacionais para anular apostas contrárias à moeda. Como resultado, dados divulgados no começo de janeiro mostraram que em dezembro as reservas tiveram queda recorde de US$ 108 bilhões ante o mês anterior, para US$ 3,33 trilhões, o nível mais baixo em três anos. A redução foi quase cinco vezes maior que o previsto.
Na semana passada a Administração Estatal de Câmbio da China (Safe, na sigla em inglês) ressaltou em um comunicado que as reservas internacionais do país continuam sendo as maiores do mundo e que o "risco da dívida externa é controlável".
No entanto, em linha com o comentário de Lagarde, analistas alertam para o tamanho da redução das reservas chinesas. Segundo cálculos do DBS Bank, as autoridades da China já gastaram US$ 663 bilhões das reservas para evitar uma desvalorização rápida do yuan. (Com informações da Dow Jones Newswires)