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Uso de biometria nos estádios faz empresa lucrar com a Copa

A Akiyama, de Curitiba, já fornece ao governo a tecnologia que será usada no esquema de segurança da competição

Por Carolina Dall'Olio
Atualização:

Um estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas a pedido do Sebrae indica que a Copa do Mundo de 2014 vai gerar oportunidades de negócios para 7,7 mil pequenas empresas. Mas, enquanto as obras demoram a sair do papel, alguns negócios já conseguem faturar com os preparativos do evento. A Akiyama, empresa de Curitiba especializada em identificação civil e criminal por meio da biometria, é uma dessas exceções.Fundada em 2005 com um investimento de apenas R$ 72 mil, a empresa desempenha atualmente um papel importante no esquema de segurança que o governo federal adotará durante os jogos da Copa. Afinal, é dela a tecnologia usada no projeto "Torcida Legal".O programa pretende proibir a entrada nos estádios de torcedores que participaram de algum ato violento em jogos de seus times ou cometeram outros tipos de infrações, como a venda de ingressos falsos. Mas, para barrá-los, o governo precisará utilizar um método de identificação rápido e seguro - exigir apresentação de documentos na entrada dos estádios, é claro, seria inviável.Muitas empresas de tecnologia já haviam desenvolvido softwares que permitem identificar uma pessoa por meio da biometria, seja pela leitura de impressões digitais, pelo reconhecimento da face ou até pela íris. O problema, entretanto, estava na coleta de informações. O cadastramento precisava ser acompanhado por um perito e, mesmo assim, estava sujeito a muitos erros. Faltava encontrar um meio para que o sistema ficasse mais confiável.A Akiyama inovou nesse ponto porque usou a tecnologia para padronizar a coleta de dados, tornando o procedimento seguro. Sem margem para tantos equívocos e com processos informatizados, a identificação por biometria poderá então ser feita em escala, com custos mais baixos e de forma mais rápida.Acordo. Em 2009, essa inovação já havia rendido à Akiyama um contrato com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para a compra de 1,4 mil máquinas, usadas no recadastramento de eleitores. "A experiência foi importante para testar a eficácia da tecnologia e detectar outros usos para o produto", conta Ismael Akiyama, dono do negócio. Com o contrato, a empresa também pôde avaliar os prós e contras de trabalhar para o governo. "Foi um contrato muito importante para nosso crescimento, mas deu bastante trabalho", desabafa o empresário. "Tivemos de organizar uma extensa documentação, buscamos no mercado recursos para financiar a fabricação dos produtos e, depois de entregar, ainda fomos obrigados a esperar seis meses para receber o pagamento."Mas o empresário diz que valeu a pena. Foi por meio do projeto para o TSE que a empresa adquiriu o conhecimento necessário para prestar serviço para o setor público - o que contou pontos na hora de conseguir o contrato do Torcida Legal. A venda de 300 equipamentos para o Ministério do Esporte, além da prestação de serviços de assistência técnica e do treinamento de funcionários, rendeu à Akiyama R$ 3 milhões. O valor corresponde, por exemplo, a cerca de 10% do faturamento alcançado pela empresa em 2010 (R$ 29,5 milhões). Acostumado a crescer em média 100% ao ano desde a fundação, Ismael aposta nos contratos com o governo para manter o ritmo. "Nós já identificamos outras oportunidades de negócios com o governo", afirma o empresário. Atualmente, ele trabalha também no desenvolvimento de outros softwares para monitoramento das torcidas nos estádios brasileiros. "O foco hoje é fechar novos contratos para a Copa do Mundo."OPORTUNIDADESVendas para o governoAs pequenas empresas têm exclusividade de venda no caso de contratos até R$ 80 mil e preferência nas demais licitaçõesSetores beneficiadosAs áreas que devem gerar mais oportunidades de negócios para as pequenas empresas na Copa são construção civil, tecnologia da informação, comércio e serviços, especialmente o turismo Principais destinos A cidade que deverá receber o maior número de estrangeiros é o Rio de Janeiro(413 mil), seguida de São Paulo (258 mil) e Brasília (207 mil), informa a FGV

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