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UTC se torna a sexta empresa envolvida na Lava Jato a pedir recuperação judicial

Valor dos débitos inclui os R$ 574 milhões do acordo que a empresa fechou na semana passada; companhia envolvida já demitiu 4 mil funcionários depois de não conseguir renovar contratos com a Petrobrás

Foto do author Luciana Dyniewicz
Por Luciana Dyniewicz e Renée Pereira
Atualização:

Com uma dívida de R$ 3,4 bilhões, a UTC Participações – um dos grupos de infraestrutura que esteve na disputa por grandes projetos de concessão no País nos últimos anos – entrou nesta segunda-feira, 17, com pedido de recuperação judicial para suas 14 empresas. O grupo, investigado na Lava Jato, protocolou o pedido de recuperação uma semana após fechar acordo de leniência com o governo federal e se comprometer a pagar multa de R$ 574 milhões. A UTC é a sexta companhia de infraestrutura do País envolvida na Lava Jato a entrar em recuperação.

Entre os motivos que a companhia cita como responsáveis por a terem levado à recuperação judicial está o alto nível de endividamento e a crise econômica. O envolvimento da UTC na Lava Jato aumentou as dificuldades enfrentadas pela companhia, que ficou proibida de participar de novas concorrências públicas nos últimos anos.

Aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP): a UTC é sócia no terminal de Campinas e já tentou vender o ativo Foto: Felipe Rau/Estadão

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Apesar dos escândalos de corrupção envolvendo a UTC – o dono da empreiteira, Ricardo Pessoa, foi condenado em junho pelos crimes de corrupção ativa e participação em organização criminosa por ter pago propina no esquema de corrupção na Petrobrás –, a companhia esperava poder continuar prestando serviços à estatal.

A Petrobrás, no entanto, bloqueou a UTC em dezembro de 2014, inviabilizando a assinatura de aditivos a contratos de manutenção de plataformas marítimas em Macaé (RJ) e reduzindo a possibilidade de novas receitas. A briga entre as duas empresas ainda resultou na demissão de 4 mil funcionários da empreiteira na semana passada, quando a estatal reteve o pagamento da manutenção de 12 plataformas na Bacia de Campos, no valor de R$ 21 milhões. A retenção desse pagamento é citada no pedido de recuperação.

Ativos. Fontes ouvidas pelo Estado afirmaram que os principais ativos que a UTC poderia colocar à venda para pagar sua dívida seriam as participações no Aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), e a Linha 6- Laranja do Metrô de São Paulo, ainda em construção. Da linha de metrô, a companhia detém 13,1%, enquanto do aeroporto, 22,95%. Em Viracopos, a UTC é sócia da Triunfo Participações, que tenta vender sua fatia no aeroporto para pagar dívidas e também tentar se livrar de uma recuperação judicial.

O trabalho de reestruturação da dívida da UTC havia sido iniciado em 2015 pelo escritório RK Partners, que já liderou reestruturações como a da construtora PDG e a do Grupo X, de Eike Batista. A RK havia negociado um alongamento da dívida da UTC, mas a empresa não conseguiu honrar os compromissos.

A reestruturação do grupo acabou indo parar, há um mês, no escritório Starboard Partners. Na área jurídica, a UTC é acompanhada pelo Leite, Tosto e Barros Advogados.

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