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Varejo e consumidores seguem receosos sobre a Black Friday

A menos de uma semana do dia de promoções, lojas ainda estão vazias e clientes pesquisam preços para evitar pegadinhas

Por Ana Neira
Atualização:
Algumas lojas oferecem preços promocionais durante todo o mês de novembro Foto: Patrícia Cruz|Estadão

A pouco menos de uma semana para a Black Friday, um dos principais eventos do calendário do varejo no ano, as lojas ainda estão vazias, os vendedores ansiosos e os compradores pesquisando os preços para tentar evitar as tradicionais pegadinhas do comércio no próximo dia 24 de novembro.

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Nesta sexta-feira, 17, a reportagem visitou a região do bairro de Pinheiros, na zona oeste da cidade de São Paulo, em lojas de móveis, eletroeletrônicos e utilidades domésticas. O cenário foi o mesmo: dúvidas e a esperança de que os compradores apareçam a partir da próxima semana em busca de bons descontos em itens como televisores e celulares, a aposta deste ano no comércio.

+ Consumidor planeja gastar mais na Black Friday

"Ainda não posso dizer com certeza que será um sucesso de vendas, mas é o que esperamos, com atenção especial aos eletrônicos um pouco mais baratos", conta o responsável pela área de vendas de uma unidade da Casas Bahia, Alan Rogério Pereira. No total, serão três dias de Black Friday na rede: 24, 25 e 26 de novembro.

Já nesta semana, alguns consumidores se aventuram a pesquisar preços na loja, a maioria procurando smartphones de até R$ 1 mil –ninguém, porém, disposto a comprar o produto ainda. É o caso da comerciária Ana Paula da Silva, 38 anos.

Ana Paula da Silva pesquisa preços para comprar um celular novo Foto: Patrícia Cruz|Estadão

"O negócio é ir olhando de loja em loja vendo onde encontro um desconto melhor", diz. "Apesar de não acreditar em nenhum milagre com essa coisa de Black Friday, vou esperar para ver. Então só vou decidir a compra na semana que vem", explica Ana Paula.

O casal de aposentados Silvani Oliveira, 59 anos, e Lourival Rodrigues, 65 anos, também aproveitou para pesquisar preços na região, atraídos pelos anúncios das lojas que já prometem grandes descontos.

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"Queremos trocar o fogão, mas o primeiro passo é analisar os preços. A gente nem lembrava dessa Black Friday semana que vem, mas já que vai ter, vamos esperar e voltar", conta Rodrigues.

Sentado na loja de móveis vazia, o gerente Antônio Di Paula explica que na Marabraz, o mês inteiro é de Black Friday, que emendará o período nas promoções que serão realizadas no Natal. "Ficamos na torcida para que o ânimo de compra das pessoas melhore na semana que vem, mas não tenho como confirmar que teremos grandes vendas. As pessoas ainda estão pensando bastante antes de gastar", lamenta.

Dos poucos consumidores que decidem entrar nas lojas, a preferência é, de fato, pelos eletrônicos. "Acho que é o que vale mais a pena, né? Porque geralmente custa caro. Pesquisando, já achei uma diferença de até R$ 400 reais em diferentes lojas. Espero que na semana que vem abaixe um pouco mais", diz a gerente Carla Araújo, de 22 anos, que procurava um videogame para dar de presente.

Carla Araújo e Noelma, mãe e filha, já estão fazendo pesquisa de preços para comprar um videogame Foto: Patrícia Cruz|Estadão

Segundo uma pesquisa da Serasa Experian, as vendas do Black Friday do ano passado tiveram um avanço de 11% em relação ao evento do ano anterior.

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Para 2017, quase 70% dos consumidores pretende ir às compras na edição deste ano.  A intenção de gasto, especialmente com eletrônicos, também cresceu em relação ao ano passado. Uma pesquisa nacional da consultoria GFK, em parceria com a Vivo ADS aponta um desembolso médio de R$ 713 por pessoa.

+ Procon divulga 'lista suja' de lojas para consumidor evitar na Black Friday

Na avaliação do coordenador-geral do Programa de Administração de Varejo da Fundação Instituto de Administração (Provar/FIA), Cláudio Felisoni, o receio de lojistas e consumidores tem relação com o contexto de saída de crise no País. Apesar da melhora do cenário econômico, boa parte dos trabalhadores ainda irá demorar para sentir esses efeitos no dia a dia.

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"Se somarmos a queda da taxa básica de juros [Selic] em relação ao que tínhamos há um ano com a leve melhora na renda real e no emprego, há de se esperar que haja melhora nas vendas deste ano. Mas não será nada excepcional, as famílias ainda enfrentam dificuldades", explica.

No País que soma 12 milhões de desempregados, o comércio fica na expectativa de que esta edição da Black Friday seja capaz de preparar o Natal, marcando o final de ano da virada para o setor.

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