A desaceleração do comércio é bem mais rápida do que a esperada. Entre fevereiro e março, as vendas totais do comércio varejista restrito caíram 0,9% e as do varejo ampliado (que inclui veículos e material de construção) cederam 1,6%. Comparativamente a março de 2014, houve ganho de 0,4% no varejo restrito e perda de 0,7% no varejo ampliado. No acumulado dos últimos 12 meses, o varejo restrito subiu 1% e o ampliado caiu 3,4%. A queda de vendas de automóveis e motos (-11,9% em 12 meses) era prevista. É o quarto mês consecutivo de recuo mensal do varejo ampliado. Mas não se esperava perda tão acentuada da vitalidade do varejo restrito.
Desde 2014 era evidente o malogro da política de estímulo ao consumo e de apoio a investimentos em segmentos escolhidos pelo governo, mas o quadro hoje é pior. O varejo depende do emprego, da renda real, da disponibilidade de crédito e de expectativas de retomada do crescimento. É altamente improvável que esses fatores estejam presentes no curto e no médio prazos.
Com o desaquecimento do setor imobiliário, por exemplo, as vendas de móveis e eletrodomésticos caíram 3% entre fevereiro e março, 6,8% na comparação com março de 2014 e 2,5% nos últimos 12 meses. Também caíram as vendas de tecidos, vestuário e calçados, além de livros, jornais, revistas e papelaria. O item combustíveis e lubrificantes melhorou em março, mas caiu 4% entre os primeiros trimestres de 2014 e de 2015 e 0,3% entre março de 2014 e de 2015.
Os consumidores despendem mais recursos pagando as contas de eletricidade, água, ônibus, combustíveis e dívidas, o que deixa menos sobras para poupar ou para adquirir bens não essenciais.
Essa situação só começará a ser revertida com queda da inflação e recuperação do poder de compra do salário. Antes de melhorar, os indicadores macroeconômicos tendem a piorar, esticando a crise do varejo.