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Venda da Cesp vira dúvida com queda de tarifa, diz CBIE

Por Eduardo Magossi
Atualização:

A privatização da Companhia Energética de São Paulo (Cesp) pode ser inviabilizada pelas medidas de redução de tarifas de energia elétrica - anunciadas na quinta-feira (06) pela presidente Dilma Rousseff, e que serão detalhadas na terça-feira -, na avaliação do diretor do Centro Brasileiro de InfraEstrutura (CBIE), Adriano Pires. Segundo ele, dependendo de como será definida a redução tarifária e sua relação com a renovação das concessões, a Cesp poderá deixar de ser atrativa para investidores privados.Para Pires, é temeroso que o governo utilize o momento em que as concessões de geração e distribuição de energia elétrica estejam vencendo para reduzir as tarifas. Condicionar a renovação da concessão a uma queda nas tarifas por parte das empresas pode gerar problemas. "O governo vai ter que calcular uma média histórica tarifária para calcular qual será a redução (da tarifa) destas empresas e, até onde eu saiba, não foi feita uma auditoria neste sentido", disse. O diretor da CBIE considera que seria importante saber quem e como irá definir esta redução.O dirigente, que também é professor da UFRJ, acredita que uma medida que vincule a renovação das concessões a uma redução tarifária é, além de autoritária, nociva para o equilíbrio financeiro das empresas. "Se as empresas reduzirem as tarifas apenas para terem suas concessões renovadas sem pensar no econômico, investimentos futuros em geração também serão afetados", afirma.O executivo lembra que o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) já tentou privatizar a Cesp e o atual governador, Geraldo Alckmin, também acenou com esta possibilidade. Porém, ele acredita que se a renovação da concessão for condicionada a redução de tarifa sem uma pesquisa qualificada, a Cesp pode ser duramente afetada. Ele também não descarta que o governo Dilma tente inviabilizar a venda da Cesp de forma deliberada, já que o Estado de São Paulo continua sendo uma região onde a influência do PT é menor. "Dependendo do teto da tarifa, ninguém vai comprar a Cesp", disse.Pires também se disse assustado com o fato de a presidente ter contraposto o programa de privatização do governo FHC ao atual, baseado em concessões, o que indica um forte viés intervencionista, principalmente levando em consideração que as primeiras concessões que deverão ser renovadas são de estatais.

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