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Vendas no varejo brasileiro caem 0,5% em março e destacam consumo fraco

Por RODRIGO VIGA GAIER E CAMILA MOREIRA
Atualização:

As vendas no comércio varejista brasileiro recuaram 0,5 por cento em março na comparação com o mês anterior, primeira queda no ano, indicando perda na força do consumo no final do primeiro trimestre do ano em meio à inflação elevada. Na comparação com o mesmo mês de 2013, as vendas caíram 1,1 por cento, informou nesta quinta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), retração mais aguda para março desde o início da série em 2002. No acumulado do trimestre passado, as vendas cresceram 0,4 por cento sobre o quarto trimestre de 2013, quando a expansão havia sido de 1,1 por cento sobre o período anterior. Os resultados foram piores do que as expectativas em pesquisa da Reuters, cujas medianas apontavam avanço de 0,1 por cento tanto na comparação mensal quanto na anual. As vendas varejistas no país foram perdendo força ao longo dos três primeiros meses do ano, depois de terem avançado 0,4 por cento em janeiro e estagnado em fevereiro, este último dado revisado pelo IBGE após divulgar alta de 0,2 por cento. "As vendas no varejo confirma desaceleração do consumo no primeiro trimestre do ano... reforçando a expectativa de desaceleração gradual do consumo ao longo de 2014", destacou o diretor de pesquisas e estudos econômicos do Bradesco, Octavio de Barros, em nota. De acordo com o IBGE, o calendário influenciou diretamente no resultado das vendas, somando-se à economia mais morna, ao crédito mais restrito e aos preços em alta. "Em março tivemos dois efeitos: o Carnaval e menos dias úteis. Além disso, a Páscoa em 2013 foi em março e esse é um período de vendas fortes. A base era mais forte", destacou a economista do IBGE Aleciana Gusmão.

INFLAÇÃO E SUPERMERCADOS

Cinco das oito atividades pesquisadas no varejo restrito tiveram queda na comparação mensal, sendo a principal influência negativa a queda 1 por cento em Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo.

Essa queda acontece diante de preços em patamares elevados. Em março, o IPCA teve o maior avanço para esses meses ao subir 0,92 por cento por conta dos alimentos e transportes, desacelerando a 0,67 em abril, mas ainda permanecendo acima de 6 por cento em 12 meses.

As expectativas sobre os preços continuam deterioradas, apontando para este ano acima de 6 por cento na inflação oficial, perto do teto da meta do governo, de 4,5 por cento pelo IPCA com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos.

O IBGE informou ainda que a receita nominal do varejo subiu 0,5 por cento em março sobre fevereiro e avançou 4,7 por cento na comparação com o mesmo mês do ano anterior. O volume de vendas no varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção, teve queda de 1,2 por cento em março na comparação mensal, e de 5,7 por cento ante o ano anterior.

As vendas de Veículos, motos, peças e partes recuaram 0,6 por cento ante fevereiro, mas sobre um ano antes caíram 16 por cento, recuo mais intenso desde novembro de 2008 (-20,3 por cento). Isso ocorreu, segundo o IBGE, devido ao IPI mais alto dos veículos neste período.

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A perda de força no varejo brasileiro ocorre em meio ao cenário de juros mais altos, o que acaba encarecendo, limitando o crédito e abalando a confiança do consumidor. Há um ano o Banco Central vem elevando os juros básicos da economia, hoje a 11 por cento, para segurar a escalada dos preços. Mas já deu indicações de que deve optar pela manutenção da Selic na reunião deste mês, movimento que ganha força com o enfraquecimento das vendas varejistas.

(Reportagem adicional de Felipe Pontes, no Rio de Janeiro)

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