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Varejo surpreende em novembro, mas vendas ainda estão 7% abaixo do pico de 2014

Alta de 1,5% em relação a outubro ficou bem acima das projeções e reflete o movimento de antecipação de compras para o Natal; ante novembro de 2014, porém, houve queda de 7,8%

Por Idiana Tomazelli
Atualização:
Antecipação de compras para o Natal e Black Friday ajudam varejo Foto: Alex Silva|Estadão

RIO - As vendas do comércio varejista restrito surpreenderam e subiram 1,5% em novembro ante outubro, na série com ajuste sazonal, segundo informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi a segunda alta seguida nessa base de comparação, após um período de oito meses de recuos. Apesar do aumento em relação ao mês anterior, as vendas do setor ainda estão 7% abaixo do pico histórico de novembro de 2014.

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As promoções da Black Friday ajudaram a impulsionar o comércio varejista, afirmou Isabella Nunes, gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE. Além disso, o penúltimo mês do ano foi beneficiado pelo hábito dos brasileiros de comprar presentes de Natal online, o que antecipa parte da sazonalidade da data comemorativa.

Em relação às previsões do mercado, o resultado mensal veio bem melhor do que o esperado. Os analistas ouvidos pelo AE Projeções esperavam desde uma queda de 2% até um avanço de 1,10%, com mediana negativa de 0,89%.

"Embora seja apoiado por maior parte das atividades, o resultado está concentrado no desempenho de vendas de bens duráveis, especialmente móveis e eletrodomésticos e equipamentos de informática", disse Isabella. "As promoções que ocorrem especialmente no mês de novembro vêm estimulando a venda de bens duráveis, especialmente smartphones, tablets", citou a gerente. Equipamentos de escritório, informática e comunicação tiveram alta expressiva de 17,4% no período.

Entre os segmentos pesquisados, os principais destaques positivos vieram de móveis e eletrodomésticos (6,9%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (4,1%). As demais taxas positivas foram registradas em: artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (1,2%) e tecidos, vestuário e calçados (0,6%).

Os gastos com alimentação, no entanto, apresentaram queda. Em relação a outubro de 2015, as vendas em hipermercados e supermercados caíram 5,7%, o pior resultado desde junho de 2003 (-8,6%). "Os alimentos vêm evoluindo acima da média geral da inflação, mas especialmente em novembro houve avanço de 2,5% na alimentação no domicílio. Isso foi muito forte e provocou a queda nas vendas", explicou Isabella.  

Patamar baixo. Na comparação com novembro do ano passado, no entanto, as vendas do varejo restrito tiveram queda de 7,8%, o maior recuo desde março de 2003. Nesse confronto, as projeções variavam entre recuo de 11,40% e queda de 7,20%, com mediana negativa de 9,42%.

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Até novembro, as vendas do setor acumulam queda de 4% no ano. Já no acumulado de 12 meses, o indicador apresenta recuo de 3,5%. A gerente do IBGE observou que os resultados de bens duráveis na comparação com novembro de 2014 continuam ruins. A venda de móveis e eletrodomésticos, por exemplo, recuou 14,7% nesta base de comparação.

"O patamar de vendas ainda é muito baixo", disse a gerente do IBGE. "O setor vem sofrendo com elevação de juros e redução na renda. Tudo isso inibe o consumo desses bens, que são mais caros e consomem uma fatia maior dos rendimentos." 

Varejo ampliado. Já as vendas do varejo ampliado, que inclui as atividades de material de construção e de veículos, subiram 0,5% em novembro ante outubro, na série com ajuste sazonal. O resultado veio dentro do intervalo das estimativas colhidas pelo AE Projeções, que iam de queda de 1,10% até avanço de 1,30%, com mediana negativa em 0,25%.

Na comparação com novembro do ano passado, sem ajuste, houve queda de 13,2%. Nesse confronto, as projeções variavam entre queda de 16,40% e recuo de 6,90%, com mediana negativa de 14,20%. Até novembro, as vendas do comércio varejista ampliado acumulam queda de 8,4% no ano e recuo de 7,8% nos últimos 12 meses. 

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