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Vulcabrás fecha três fábricas em Sergipe e deve demitir 1,3 mil pessoas

Governador do Estado procurou executivos da companhia para tentar reverter as demissões, mas foi informado de que a decisão é irreversível

Por Antonio Carlos Garcia
Atualização:

O grupo gaúcho Vulcabrás, dono de marcas de calçados como Azaleia e Olympikus, informou ontem que a decisão de fechar três de suas fábricas no Estado de Sergipe - nas cidades de Carira, Ribeirópolis e Lagarto - é irreversível. A desativação das fábricas, motivada por dificuldades que a companhia vem enfrentando há vários anos, deve acarretar a demissão de 1,3 mil trabalhadores.A principal reclamação da companhia é a dificuldade de brigar com os produtos asiáticos, especialmente chineses, no mercado externo. Dados do Ministério do Desenvolvimento mostram uma redução de 2,5% na quantidade de pares vendida e de 6,2% em volume financeiro. Segundo fontes do mercado, a companhia empreende há quase uma década um programa de cortes de custos que incluiu uma tentativa frustrada de produzir calçados na China e o fechamento de unidades locais. Os resultados, porém, continuam no negativo. Em 2013, a empresa reduziu o prejuízo em 58,9% - mesmo assim, as perdas somaram R$ 126,7 milhões. Em comunicado divulgado ontem, a Vulcabrás informou que o processo de reestruturação iniciado há dois anos ainda não deu os resultados esperados para que a companhia pudesse enfrentar a realidade competitiva do mercado e fazer frente ao produto chinês.Além do mercado difícil, a crise da marca Azaleia está relacionada a erros no desenvolvimento de produto, segundo Luciano Pires Cerveira, consultor no setor de calçados. Com isso, a empresa perdeu espaço no segmento de preço mais competitivo para concorrentes como a Calçados Beira Rio. "A empresa era líder no começo dos anos 2000, mas os erros em coleções a prejudicaram. O lojista migrou para outras marcas."O fechamento das fábricas e a decisão de produzir na China também tiraram da Vulcabrás um importante diferencial em relação à concorrência: a agilidade na entrega. "Com fábricas em todo o País, ela conseguia entregar rapidamente." Embora a Vulcabrás tenha voltado recentemente à mídia com uma campanha de Olympikus, a briga com as marcas estrangeiras tende a ficar mais dura, uma vez que Nike, Asics e Mizuno estão investindo mais. No auge da crise, em 2012, a empresa tentou vender uma fatia de seu negócio ao fundo Pátria, mas o negócio não foi adiante, perdendo um aporte estimado em R$ 500 milhões. Mudança. Com a desativação de três fábricas em Sergipe, a Vulcabrás concentrará todas as suas atividades no Estado na matriz regional, em Frei Paulo. A autoridades estaduais, a companhia garantiu que pagará todos os direitos trabalhistas dos funcionários dispensados. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Sergipe é hoje o sexto maior polo produtor de sapatos do Brasil, atrás de Rio Grande do Sul, Ceará. São Paulo, Paraíba e Bahia. A decisão da empresa mobilizou o governador de Sergipe, Jackson Barreto (PMDB), que tentou reverter o quadro, mas não obteve sucesso. Ele conversou com diretores da empresa e foi informado que a decisão é da direção nacional da empresa. O secretário de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia (Sedetec), Saumíneo Nascimento, disse que não tem como interferir nas decisões da Azaleia, mas assegurou que já está entrando em contato com outras empresas que possam ter interesse em utilizar os galpões pertencentes ao Estado. A Vulcabrás produz calçados em Sergipe há mais de 20 anos.O presidente do Sindcafit, que representa os trabalhadores das fábricas da Azaleia, Roneyclecio Alves, disse que os funcionários foram pegos "de surpresa" pela decisão, embora tivessem conhecimento da situação financeira deficiente da companhia. / Colaborou Fernando Scheller

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