Autoridades do governo federal, do Congresso Nacional e do Tribunal de Contas da União (TCU) ignoraram, durante a abertura esta tarde do Seminário "Pacto pela Boa Governança: Um Retrato do Brasil", a nova fase da Operação Lava Jato, ação deflagrada na última sexta-feira pela Polícia Federal que levou à prisão dirigentes das principais empreiteiras do país. O evento, promovido pelo TCU, tem por objetivo identificar as deficiências na gestão pública e apontar soluções.
O presidente do TCU, ministro Augusto Nardes, não fez qualquer menção à ação durante seu discurso inaugural. Antes do evento, durante entrevista coletiva, Nardes disse que é importante encontrar meios para ressarcir a União diante dos desvios na Petrobras, mas se posicionou contrariamente a paralisar obras públicas. Depois, no discurso em que apresentou os pontos do retrato que a Corte está fazendo de governança, repetiu o fato de que a Petrobras vai criar uma diretoria de compliance.
O presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB), também passou ao largo do assunto no seu pronunciamento, no qual fez questão de exaltar a "transparência" do Poder Legislativo. Convidado, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), não compareceu ao evento. Ele foi citado na delação premiada feita pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.
O presidente em exercício da República e presidente do PMDB, Michel Temer, ignorou o tema durante seu discurso. No pronunciamento, Temer disse que era preciso, apesar da "quilometragem" que tem na vida pública e na vida privada, dizer "algumas obviedades". Ele destacou que, após o momento político-eleitoral, começa o momento "político-administrativo".
Temer criticou "um ou outro" que se consideram representantes da divindade da terra, como na época do absolutismo. "O que devemos fazer, Executivo, Legislativo e Judiciário é reunificar os esforços para o bem comum", destacou.
O presidente em exercício disse ainda que a situação e oposição também devem conviver pelo bem comum e que, no Estado democrático, a oposição ajuda o governo a governar quando faz críticas e contesta decisões tomadas pelo chefe do Executivo.
"Essa é a ideia jurídica da oposição, mas muitas, muitas vezes, eu vejo nos municípios e nos Estados, é uma ideia política (da oposição), aquele que perde a eleição deve opor-se sistematicamente e não é oposição para ajudar a governar. Quando se tem oposição e situação, temos dois vetores da sociedade para ajudar a governar até chegar ao novo momento político-eleitoral, que é a eleição", afirmou.