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Empresas arrumam a casa para atrair investidores

Companhias saudáveis reestruturam processos de gestão para levantar recursos em meio à crise econômica

Por Malena Oliveira
Atualização:
Estrutura melhor traz mais recursos, diz Piastrelli Foto: Divulgação

As empresas que atravessam a crise com números positivos, apesar de margens menores, agora traçam metas para reestruturar processos e regras de governança corporativa. Algo impensável para quem está com a corda no pescoço, melhorar a gestão se tornou prioridade para as companhias saudáveis. O objetivo, além dos ganhos de eficiência, é conseguir novos sócios ou formas alternativas de financiamento – em meio a um cenário de crédito caro e mercado de capitais parado. “As empresas que estão indo bem na crise estão preocupadas com governança”, diz o sócio da consultoria Grant Thornthon, Paulo Funchal.

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Ainda que o clima seja de cautela, o real desvalorizado tem impulsionado as apostas de estrangeiros em empresas brasileiras. Sócio da PwC, Rogério Gollo explica: “Eles estão comprando participações para conhecer o mercado”. Este ano, a maior parte da movimentação é vista no setor de Tecnologia da Informação (TI) e, entre os estrangeiros, os Estados Unidos são o país líder em transações.

Nesse cenário, ganham força alternativas como conseguir um parceiro nos negócios, o aporte de um fundo ou mesmo vender participações na empresa. Diretora da BM&FBovespa, Cristiana Pereira aponta que investir em governança é uma forma de buscar recursos: “Temos visto empresas e empresários se comportando como companhias abertas, adotando suas práticas e controles”. 

Transparência. Além de indicadores como lucro e receita, investidores também avaliam uma companhia conforme o nível de transparência, diz o sócio da KPMG, Luís Motta: “Quando uma empresa tem menos transparência, a tendência é o investidor penalizá-la, pagando um valor menor”.

Há dez anos no mercado de tecnologia, a Gera passou a estudar a listagem no Bovespa Mais (segmento de acesso da BM&FBovespa, voltado para companhias menores) como uma maneira de se tornar mais atraente para fundos de investimento. “O objetivo é ter visibilidade no mercado e, na eventual captação via fundos, a listagem faz com que o prêmio aumente”, explica o sócio-diretor da empresa, Fábio Piastrelli.

Apesar de sua participação no 10° Fórum Abertura de Capital da BM&FBovespa, a Gera ainda não cogita negociar ações no mercado, mas investe na implementação de uma auditoria completa de seus balanços. “No momento, estamos mais interessados em conhecer fundos que possam trazer conhecimento para nos apoiar na busca por internacionalização”, diz o executivo da Gera.

Outra participante do fórum, a Time Now Engenharia também estuda a listagem no segmento, mas não mira a abertura imediata de capital. “O evento foi relevante para verificarmos se nosso modelo de gestão e governança é compatível e para ganharmos visibilidade do investidor e do cliente”, diz o presidente do conselho, Sergio Mello. Um dos objetivos da empresa é melhorar a gestão dos riscos. “Sentimos falta de uma auditoria técnica para os projetos”, aponta Mello. O executivo afirma que esse processo será implementado já no ano que vem.

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A Grant Thornthon assessorou as companhias no evento a elaborar suas apresentações para investidores.

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