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Vale vai deixar índice de sustentabilidade da Bolsa em 2016

Acusada de crime ambiental em MG e uma das donas da Samarco, mineradora tem o maior peso no índice de ações deste ano

Foto do author Fernanda Guimarães
Por Fernanda Guimarães e Malena Oliveira
Atualização:

SÃO PAULO - As ações da Vale não farão mais parte do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da BM&FBovespa em 2016. Atualmente, a companhia tem o maior peso na listagem, que vigora até o fim do ano. A Vale deixa o índice após a tragédia ambiental causada pelo rompimento das barragens da Samarco em Mariana (MG), empresa na qual detém 50% de participação. Além disso, a mineradora também é processada por crimes ambientais em Nova Lima (MG). 

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Os fatos levam ao questionamento da permanência da empresa no índice, que é uma referência sobre companhias que realizam ações que visam à sustentabilidade e à responsabilidade social.

A nova carteira do ISE foi divulgada nesta quinta-feira, 26, pela BM&FBovespa, que não comenta casos específicos. A presidente do Conselho Deliberativo do ISE, Sonia Favaretto, destaca que conceitualmente não há exclusão da carteira, mas explicou que o fato de uma empresa estar na carteira de 2015 e não na de 2016 tem duas explicações: ou a empresa não participou do processo ou não se qualificou. "Percebemos empresas fazendo mudanças de estrutura do ponto de vista de sustentabilidade. Algumas, por motivos estratégicos, decidiram não participar."

A lama de rejeitos de minério que vazou da barragem da Samarco já chegou ao mar Foto: Gabriela Biló/Estadão

No entanto, ela destaca que existe confidencialidade em relação às empresas que participaram ou não do processo de avaliação para o índice. 

A listagem vai vigorar de 04 de janeiro de 2016 a 29 de dezembro de 2016. Ao todo, são 40 ações de 35 empresas, sendo que a carteira anterior era composta por 40 companhias. A nova carteira, de acordo com a BM&FBovespa, representa 16 setores e soma R$ 960,52 bilhões em valor de mercado, o equivalente a 44,75% do total do valor das companhias com ações negociadas na Bolsa (considerando o fechamento de 24 de novembro).

Em relação à carteira anterior, Cesp e Oi são as novidades no novo portfólio do ISE. Além da Vale, Coelce, Gerdau, Gerdau Metalúrgica, JSL e Sabesp também não vão compor o índice no ano que vem.

Para Sônia, a redução do número de companhias listadas no índice não significa uma perda de atratividade: "Não será um retrocesso termos menos empresas na carteira, porque isso é uma fotografia do ano. Por outro lado, tivemos cinco novas empresas que nunca participaram do ISE, o que nunca vimos pelo menos nos últimos três anos."

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Outro destaque, segundo a presidente do conselho do ISE, foi um aumento da transparência por parte das companhias, com 94% das empresas autorizando a abertura das respostas do questionário. A ideia, disse, é que a abertura das respostas seja obrigatória já na próxima carteira.

Da listagem que entrará em vigor em 2016, 75% das empresas incluem avaliações e discussões periódicas de temas socioambientais nas reuniões do Conselho de Administração ou de comitês que se reportam a ele. Além disso, 100% delas publicam Relatório de Sustentabilidade, conforme as diretrizes da Global Reporting Iniciative (GRI).

Nos últimos dez anos, o ISE teve rentabilidade de 128,88%, contra 51,28% do Ibovespa (base de fechamento em 24/11/2015). No mesmo período, o ISE teve menor volatilidade: 25,57% ante 42,81% do Ibovespa, o principal índice de ações do mercado brasileiro.

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