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Acordo com Itaú pode adiar IPO da XP

Anúncio de conversas sobre venda de fatia minoritária na corretora ao banco coincidiu com o pedido de registro de abertura de capital

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Foto do author Fernanda Guimarães
Por Aline Bronzati (Broadcast), Cynthia Decloedt (Broadcast) e Fernanda Guimarães
Atualização:

O Itaú Unibanco confirmou ontem que está negociando a compra de participação minoritária na XP Investimentos, corretora independente que vem ganhando espaço ao se posicionar como uma alternativa aos grandes bancos, conforme antecipado ontem pela ‘Coluna do Broad’. As conversas foram reveladas no dia em que a XP Investimentos pediu registro para uma oferta inicial de ações na Bolsa paulista, a B3.

Ontem, o presidente da XP, Guilherme Benchimol, teria enviado e-mail aos bancos de investimento responsáveis pelo IPO dizendo que a prioridade da corretora continua sendo a estreia na Bolsa. Porém, fontes afirmam que, caso o negócio com o Itaú seja fechado, o IPO deve ser colocado de lado, ao menos temporariamente. Na esteira da oficialização das conversas, a XP cancelou, segundo fontes, apresentações a investidores em São Paulo e no Rio, programadas para hoje, embora tenha mantido um evento para estrangeiros, em Londres.

Prospecto da oferta afirma que a XP tinha R$ 68,8 bilhões em ativos sob custódia no fim de março Foto: Paulo Whitaker/Reuters

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Se a chegada da XP à B3 se concretizar, a arrecadação com o IPO poderá chegar a R$ 4 bilhões, embora o documento divulgado ontem pela empresa não tenha trazido detalhes da operação, como faixa de preço ou cronograma da oferta.

O movimento do Itaú para comprar uma fatia da XP resolveria dois problemas de uma só vez: além de incorporar um ativo novo, o banco eliminaria um concorrente que há tempos assediava clientes de sua plataforma de alta renda.

Itaú confirma discussões com XP para compra de participação minoritária

Segundo apurou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o banco pode ficar com a fatia da XP que hoje está nas mãos dos fundos General Atlantic e Dynamo que, somados, têm 49,5% da corretora, de acordo com fontes. Para isso, teria de desembolsar algo próximo de R$ 6 bilhões, pois a abertura de capital avalia o valor da XP entre R$ 12 bilhões e R$ 15 bilhões.

COLUNA DO BROAD: Itaú Unibanco faz oferta para adquirir XP Investimentos às vésperas do IPO

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O Itaú, além de ter capital de sobra, é conhecido por um histórico de aquisições relevantes. Em 2016, além de desbancar o Santander na disputa pela operação de varejo do Citi no Brasil, arrematou uma fatia adicional de 40% na joint venture de crédito consignado que mantinha com o mineiro BMG desde 2012. Antes, havia comprado a Recovery, empresa de gestão de créditos inadimplentes, que pertencia ao BTG Pactual.

A busca do Itaú por aquisições está calcada em dois pilares: a crise econômica, que limita o crescimento orgânico, e o excesso de capital. No fim de março, o banco tinha R$ 130,4 bilhões em patrimônio de referência, mais do que o dobro do requerido pelo Banco Central, de R$ 66,5 bilhões. O índice de Basileia, que mede a capacidade dos bancos para conceder crédito, está em 18,1%, bem acima 10,7% exigidos pelo BC.

Alvo. A XP admitiu ontem as negociações com o Itaú para a venda de uma fatia minoritária. A chegada da corretora à Bolsa ocorre após a própria XP ter feito movimentos de aquisições, incorporando concorrentes como Rico e Clear. O Itaú não é o primeiro a tentar comprar uma participação na XP. A corretora já atraiu o interesse de fundos como o Temasek.

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O movimento do Itaú pode ainda acelerar o processo de consolidação das corretoras. A aquisição mais recente no setor foi a Easynvest, pelo fundo americano Advent, no último mês de março.

Entre os principais concorrentes da XP estão Guide, Gradual, Easynvest e Genial, dentro no conceito de plataformas abertas de investimento. Os bancos médios também tentam atrair investidores para suas plataformas digitais – entre os players que utilizam esta estratégia estão Intermedium, o BMG e Sofisa. O BTG Pactual, conhecido pela gestão de grandes fortunas, também começou a aceitar investidores pessoa física “comuns” em sua plataforma.

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