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Bolsa de Xangai cai 8,5% e sofre maior tombo desde 2007

Desconfiança dos investidores sobre medidas de estímulo do governo chinês também arrastaram outros mercados asiáticos

Por Sergio Caldas
Atualização:

A Bolsa de Xangai sofreu o maior tombo desde 2007 no pregão desta segunda-feira, 27, pressionada por temores de que as autoridades em Pequim estejam retirando recentes medidas de apoio aos mercados locais, pela tendência de queda nos preços das commodities e por novos dados fracos da indústria da China. Em outras partes da Ásia, as ações seguiram o fraco desempenho dos mercados chineses. Há duas semanas, o mercado de ações chinês registrou fortes ganhos em resposta às medidas de estímulo do governo chinês.

O índice Xangai Composto, o principal da China continental, caiu 8,5%, a 3.725,56 pontos, acumulando perdas pela segunda sessão consecutiva e registrando a maior queda porcentual desde 27 de fevereiro de 2007. O Xangai continua 6% acima da mínima atingida no último dia 8, mas ainda 28% abaixo da máxima de junho. O Shenzhen Composto fechou em baixa de 7%, a 2.160,09 pontos, e o ChiNext, que reúne empresas com pequeno valor de mercado, cedeu 7,4%, a 2.683,45 pontos.

Bolsas chinesas voltam a cair com incertezas sobreprogramas de estímulo Foto: Chinatopix/AP

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Analistas atribuem a forte liquidação de hoje a preocupações de que o governo chinês esteja restringido suas compras de blue chips (ações com grande volume de negociações) e possa, até mesmo, estar testando se os mercados do país têm condições de se manterem por conta própria.

"O apoio visto anteriormente com recursos do governo é, aparentemente, insustentável", comentou Jacky Zhang, analista da BOC International. Eles podem retirar o apoio agora para testar se o mercado recuperou sua resistência. O governo quer usar fundos estatais para estabilizar o mercado, e não para impulsioná-lo de volta a 5.000 pontos da noite para o dia."

Recentemente, 21 corretoras prometeram ajudar a sustentar o Xangai, desde que o índice permanecesse abaixo de 4.500 pontos. Nas três últimas semanas, o maior mercado acionário chinês acumulou ganhos significativos. As corretoras estimam que um fundo de investimento estatal conhecido como China Securities Financial Corp. gastou centenas de bilhões de yuans para estabilizar o mercado.

Por outro lado, o forte tombo de hoje surpreendeu muito analistas, gerando especulação de que Pequim poderá tomar a iniciativa de adotar novas medidas de estímulo. "Tenho certeza de que veremos mais apoio estatal nos próximos dois dias", comentou Zhang.

O mau humor na Ásia também foi alimentado pela tendência de desvalorização das commodities. O cobre, por exemplo, voltou a renovar mínima em seis anos hoje, enquanto o ouro opera nos menores níveis em 5 anos e o petróleo na New York Mercantil Exchange (Nymex) continua abaixo de US$ 50 por barril.

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Outro favor negativo veio da indústria chinesa, cujo lucro registrou queda anual de 0,3% em junho, após avançar 2,6% em abril e 0,6% em maio, segundo o Escritório Nacional de Estatísticas do país. Também continua preocupando a temporada fraca de balanços corporativos no exterior, em especial nos EUA.

Em Hong Kong, o índice Hang Seng recuou 3,09%, a 24.351,96 pontos, enquanto no mercado taiwanês, o Taiex perdeu 2,41%, a 8.556,68 pontos, e em Seul, o sul-coreano Kospi caiu 0,35%, a 2.038,81 pontos.

Na Oceania, a bolsa australiana conseguiu fechar em alta, em meio à relativa estabilização dos preços do minério de ferro em torno de US$ 50,00 por tonelada nos últimos dias, após acumularem perdas de 30% desde o começo do ano. Na sexta-feira, o minério subiu 0,2%. O índice S&P/ASX 200, que reúne as empresas mais negociadas em Sydney, avançou 0,4% a 5.589,90 pontos, sustentado por ações de mineradoras, como BHP Billiton (+1)% e Fortescue (+3%). (Com informações da Dow Jones Newswires).

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