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Petróleo faz Bolsa ter maior queda porcentual desde 2011

Ibovespa fechou em baixa de quase 5% e dólar voltou a subir, fechando a R$ 3,99; para analista, mercado está assustado com queda nos preços da commodity

Por Claudia Violante e Paula Dias
Atualização:

A Bovespa interrompeu a sequência de altas das últimas quatro sessões e teve forte queda no pregão desta terça-feira, 2. Pressionada pelo petróleo, aversão ao risco global e alguns balanços domésticos, o principal índice à vista amargou sua maior queda porcentual desde agosto de 2011.

A Bolsa recuou 4,87%, maior queda porcentual desde 8 de agosto de 2011 (-8,08%), aos 38.596,17 pontos, na mínima do dia. Na máxima, marcou 40.564 pontos (-0,02%). No mês, acumula retração de 4,48% e, no ano, de 10,96%. O giro financeiro totalizou R$ 6,248 bilhões. 

Petróleo voltou a ser o foco das tensões no mercado financeiro Foto: Hasan Jamali/AP

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"O recuo do petróleo está assustando o mercado, gerando aversão ao risco e isso levou Europa e Estados Unidos para o negativo hoje", comentou Vitor Miziara, sócio da Criteria Investimentos. "Aqui, essa aversão encontrou a Bolsa vindo de quatro altas seguidas, período no qual avançou sem grandes motivos", destacou. 

Na Nymex, o contrato do petróleo para março recuou 5,50%, a US$ 29,88 o barril. Em Londres, o contrato para abriu recuou 4,44%, a US$ 32,72 o barril. 

Petrobrás ON (ação com direito a voto) caiu 8,51% e PN (preferência por dividendos), recuou 8,90%. Vale ON recuou 9,47% e a PNA, 9,38%. 

Uma das razões para a commodity se manter em baixa hoje foi a notícia de que a maioria dos membros da Opep não apoia a realização de uma reunião emergencial antes da já prevista para junho. O desempenho do petróleo coordenou a aversão ao risco que derrubou as bolsas norte-americanas.   Durante a tarde, os investidores apenas monitoraram a fala da presidente Dilma Rousseff na abertura do ano legislativo do Congresso. O mercado também ficou de olho no encontro da equipe da Moody's com o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. 

Alguns balanços contribuíram para o clima ruim - e as perdas firmes do Ibovespa. Itaú Unibanco foi um deles, mais por causa das perspectivas do que pelos números em si, que vieram em linha com as projeções. 

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Itaú Unibanco PN caiu 8,72%, entre as maiores quedas do Ibovespa, da mesma forma que Itaúsa PN (-8,24%). O banco anunciou lucro líquido de R$ 5,698 bilhões no quarto trimestre, alta de 3,22% ante igual período do ano anterior. Ante o terceiro trimestre, houve retração de 4,15%. 

Cielo ON, por sua vez, caiu 6,45%. O lucro líquido da empresa somou R$ 852,7 milhões no quarto trimestre, 6,2% a mais que os R$ 803 milhões registrados no mesmo intervalo de 2014. Na comparação trimestral, contudo, o resultado foi 2,8% menor. A cifra ficou abaixo da estimativa dos analistas.

Dólar. Depois de três dias consecutivos de baixa, o dólar passou por um ajuste e fechou em alta de 0,63% no mercado à vista, cotado a R$ 3,9924. O mau humor nos mercados globais diante de mais uma forte queda dos preços do petróleo justificou a correção, que ocorreu de maneira moderada, com investidores recompondo algumas posições compradas.

Em três dias de baixa, a moeda americana havia perdido 3,19%, voltando ao patamar abaixo dos R$ 4,00. Na véspera, a queda se manteve mesmo em meio ao recuo dos preços do petróleo, num movimento sustentado pelo ingresso de recursos para os mercados de ações e renda fixa. Nesta terça-feira, a nova queda da commodity reacendeu a aversão ao risco e acabou por interromper essa tendência. Com isso, o dólar ganhou força diante de praticamente todas as moedas de países emergentes e exportadores de commodities, como o Brasil.

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Na máxima do dia, a divisa chegou a atingir R$ 4,0190 no mercado à vista, com alta de 1,30%. À tarde, houve certa desaceleração. Segundo profissionais do mercado de câmbio, o avanço só não foi maior porque, mais para o fim da sessão, a percepção de que é alto o custo de carregamento de posições compradas reconduziu a divisa para abaixo dos R$ 4,00.

No cenário doméstico, um dos destaques foi a divulgação da produção industrial brasileira, que caiu 0,72% em dezembro ante novembro e fechou 2015 com retração de 8,3%. O resultado no ano é o pior desde o início da série histórica, em 2003. Os dados fracos reforçaram as apostas de manutenção da Selic nas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) neste ano. 

No cenário político, o destaque ficou por conta da abertura da sessão conjunta do Congresso Nacional, após o recesso parlamentar. A cerimônia que abriu os trabalhos legislativos de 2016 contou com a presença da presidente Dilma Rousseff, que desde 2011 não comparecia ao evento. Apesar de ter sido vaiada cinco vezes e interpelada por uma deputada tucana durante seu discurso, Dilma avaliou como "ótima" a receptividade de deputados e senadores. O discurso da presidente, que buscou engajar o Congresso em torno das medidas de ajuste fiscal, foi monitorado no mercado, mas não trouxe novidades além do que já era esperado. 

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