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Dólar fecha a semana com alta acumulada de quase 7%, a R$ 3,05

Dados sobre a criação de emprego nos Estados Unidos fizeram a moeda americana fechar em alta pelo quinto dia consecutivo

Por Fabrício de Castro
Atualização:
Nesta sexta-feira, moeda chegou a atingir a cotação máxima de R$ 3,07, em alta de 2% Foto: José Patrício/Estadão

Texto corrigido às 18h15

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O dólar chegou a ensaiar uma baixa nesta sexta-feira, 6, mas passou a subir logo após a divulgação do relatório oficial de emprego nos Estados Unidos. A moeda fechou o dia em alta de 1,36%, cotada a R$ 3,05 - é o maior valor desde 5 de agosto de 2004. Só na primeira semana de março a valorização acumulada é de quase 7%.

No início, o dólar chegou a recuar no balcão, com o mercado realizando os lucros recentes. Afinal, até ontem a moeda americana já havia subido mais de 13% ante o real neste ano. Isso fez o dólar à vista marcar a mínima de 2,9830 (-0,86%) às 9h14 da manhã. Depois disso, no entanto, a moeda virou para o positivo e acelerou ganhos em vários momentos, na esteira das notícias que surgiam. 
O principal motivo para a alta do dólar ante o real foram os dados de emprego nos EUA. O relatório oficial (payroll) mostrou a criação de 295 mil postos em fevereiro, bem acima dos 240 mil esperados. O número reforçou a avaliação de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) será levado a subir os juros em um futuro próximo - o que torna os EUA mais atrativos para recursos que, atualmente, estão voltados para países como o Brasil.
Por este motivo, o dólar sustentou ganhos firmes não apenas ante o real, mas também ante as demais divisas de países emergentes ou exportadores de commodities no exterior. Perto das 16h40, o dólar subia 0,83% ante o dólar australiano, avançava 1,03% ante o canadense, tinha alta de 1,62% ante o neozelandês, tinha ganho de 0,99% ante o peso chileno e ganhava 2,00% ante o peso mexicano. 
À tarde, a tendência foi reforçada após o 'Fed boy' Jeffrey Lacker, que comanda o Federal Reserve de Richmond, dar força às avaliações de que o BC dos EUA está muito próximo de elevar os juros. Em entrevista a uma rádio, ele afirmou que a reunião de junho do Fed é a principal candidata para elevação de juros. Além disso, disse que o termo "paciente", que consta das comunicações do Fed para qualificar a política monetária, será o assunto principal do próximo encontro, em 17 e 18 de março.
No Brasil, os investidores também se mantiveram atentos às notícias vindas de Brasília. Tudo porque o embate entre Planalto e Congresso, que coloca em risco a aprovação de medidas fiscais no Senado e na Câmara, não arrefeceu. Assim como não diminuíram as preocupações em torno da "Lista de Janot", com os nomes de políticos supostamente envolvidos nos desvios na Petrobras. A expectativa é de que a relação seja divulgada ainda hoje.
Além disso, autoridades do governo seguiram demonstrando tranquilidade na tarde de hoje quanto ao avanço recente do dólar. O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, afirmou que o governo está fazendo seu trabalho para corrigir o que precisa ser corrigido. Segundo ele, "o governo não tem uma meta de câmbio, a gente trabalha com qualquer cotação", disse.
Com o dólar disparando ante o real, fonte informou ao Broadcast perto das 16 horas que, depois de registrar resultado negativo de US$ 1,142 bilhão em fevereiro, com fortes saídas de dólares na última semana do mês (US$ 3,334 bilhões), o fluxo cambial voltou a ganhar fôlego em março. Dos dias 2 a 5 deste mês, o resultado está positivo em US$ 2,7 bilhões. O destaque vai justamente para a área financeira, que recebeu entradas líquidas de US$ 1,9 bilhão no mês até ontem. Já o segmento comercial foi responsável pela atração de US$ 800 milhões nesses quatro dias.
Chamou a atenção o fato de que a informação surgiu na reta final dos negócios do balcão. Ainda assim, não foi possível segurar as cotações. 

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