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Dólar sobe e Bolsa cai mais de 1% à espera de redução da meta fiscal

Moeda americana encerrou o pregão em alta de 1,86%, a R$ 3,227, com temores de deterioração das contas públicas; Ibovespa caiu 1,09% em dia de aversão ao risco

Por Claudia Violante
Atualização:
Mercado teme que mudança na meta fiscal enfraqueça Levy Foto: Andre Dusek/Estadão

SÃO PAULO - O dólar operou pressionado na sessão desta quarta-feira, 22, à espera da entrevista dos ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e do Planejamento, Joaquim Barbosa, sobre uma possível mudança da meta fiscal nesta tarde. No segmento à vista, a moeda também acompanhou a trajetória de valorização exibida no exterior. 

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O dólar comercial terminou a sessão em alta de 1,86%, a R$ 3,2270, o maior valor desde 8 de julho (R$ 3,2280). Na mínima da sessão, marcou R$ 3,1850 e, na máxima, R$ 3,2320. No mês, acumula valorização de 3,80% e, no ano, de 21,54%.

O mercado não digeriu muito bem a notícia de que Levy e Barbosa deverão anunciar a redução da meta fiscal. O ministro da Fazenda sempre se posicionou contrário a essa alteração, sobretudo neste momento em que o governo ainda está gastando energia para conquistar credibilidade. E a alteração pode fazer justamente todo esse trabalho ir por água abaixo. 

E as notícias que circularam hoje são de que, não só o governo vai reduzir a meta como vai diminuí-la drasticamente, de 1,1% para 0,15% do PIB.

Além da preocupação com o cenário fiscal - e com a fraqueza do ministro Joaquim Levy se a meta realmente for mudada -, também pressionaram a cotação do dólar para cima o avanço da moeda no exterior e a nota do setor externo conhecida hoje cedo. Segundo os dados divulgados pelo Banco Central, o País teve um déficit em conta corrente de US$ 2,547 bilhões em junho, ainda pior que o déficit de US$ 2 bilhões projetado pelo mercado (intervalo previsto entre -US$ 800 milhões e -US$ 4,9 bilhões). 

Nos EUA, o dado que reforçou as apostas de início iminente do aperto monetário no país foi o de vendas de moradias usadas, que subiram 3,2% em junho ante maio, o resultado mais alto desde fevereiro de 2007 e acima da previsão de alta de 0,9%.

Bolsa. A Bovespa encerrou hoje sua quarta sessão consecutiva de baixa, pela primeira vez nos 50 mil pontos desde o final de março. Os investidores passaram o dia na defensiva, à espera do anúncio de uma redução drástica da meta de superávit primário, o que causou aversão ao risco na Bovespa. 

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O Ibovespa terminou o dia em baixa de 1,09%, aos 50.915,78 pontos, menor patamar desde os 50.094,66 pontos de 27 de março. Na mínima do dia, marcou 50.592 pontos (-1,71%) e, na máxima, 51.474 pontos (estabilidade). Em quatro pregões em baixa, recuou 4,06%. No mês, acumula perda de 4,08% e, no ano, alta de 1,82%. O giro financeiro totalizou R$ 5,508 bilhões.

A possibilidade do corte da meta pode ameaçar o grau de investimento do Brasil, além de significar mais um golpe na já abalada credibilidade do governo. Esse cenário levou os estrangeiros a venderem ações hoje e papéis da Petrobrás e do Banco do Brasil estiveram entre os penalizados. 

Petrobras PN caiu 3,97% e Petrobras ON recuou 3,81%. As ações também sofreram com o recuo dos preços do petróleo. Na Nymex, o contrato para setembro perdeu 3,28% de seu valor, a US$ 49,19. Vale ON cedeu 1,48% e a PNA, 2,80%, afetada pela queda na cotação do minério de ferro. Itaú Unibanco terminou em baixa de 1,56% e Bradesco PN, de 0,79%.

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