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Medidas do BC podem ser limitadas, diz a Austin Rating

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Por Aline Bronzati (Broadcast)
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O perfil mais seletivo para emprestar, priorizando segmentos de menor risco, e o nível de endividamento das pessoas físicas e jurídicas devem minimizar os impactos das medidas de estímulo ao crédito anunciadas nesta sexta-feira, 25, pelo Banco Central, segundo Luiz Miguel Santacreu, analista de bancos da Austin Rating. "O governo continua tentando conciliar crescimento econômico com controle de inflação. A flexibilização das medidas macroprudenciais visa, mais uma vez, estimular o crescimento econômico com consumo", disse, em entrevista ao Broadcast, serviço de informações da Agência Estado.Santacreu adverte, porém, que o cenário de 2014 é diferente do visto em 2009, quando a receita de estimular a economia com consumo teve sucesso. Além do endividamento por parte das pessoas físicas, ele cita ainda o ambiente de incertezas que as empresas vivem, segurando investimentos em meio a eleições e expectativas quanto ao desempenho da economia brasileira.O BC anunciou hoje ajustes nas regras dos recolhimentos compulsórios, sobre recursos a prazo e à vista, com impacto estimado em R$ 30 bilhões. Além disso, a autoridade monetária também retirou medidas macroprudenciais, implementadas a partir de 2010, alterando critérios relativos ao requerimento mínimo de capital para risco de crédito das operações de varejo.Para o analista de bancos da Austin, ao adotar medidas como as anunciadas hoje o Banco Central não ataca o objetivo da política econômica de controlar a inflação em detrimento do crescimento econômico do País, uma vez que, apesar de ter elevado os juros, flexibilizou as medidas macroprudenciais, adotadas em 2010. O BC alterou critérios relativos ao requerimento mínimo de capital para risco de crédito das operações de varejo."A indução do Banco Central à oferta de crédito não quer dizer que os bancos a seguirão. As instituições bancárias vão continuar adotando prudência e seletividade no crédito", analisa. Além disso, diz Santacreu, os juros estão mais altos, o que encarece o crédito e, somado à inflação elevada, que consome o poder de compra da população, compromete ainda mais o espaço para a tomada de recursos. Por parte dos bancos, conforme ele, o consumo de menos capital não deve ser revertido em mais crédito, uma vez que estão confortáveis em relação ao índice de Basileia (que mede o quanto o banco pode emprestar sem comprometer o seu capital), e que vem crescendo a proporção dos empréstimos em relação ao Produto Interno Bruto (PIB).

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