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Mercado tem reação positiva com saída de Renan da liderança do PMDB

Dólar terminou em baixa de 0,97%, aos R$ 3,2830; Bovespa apresentou leve alta

Por Simone Cavalcanti
Atualização:

O mercado viu com ânimo a saída de Renan Calheiros da liderança da bancada do PMDB no Senado. O dólar respondeu com aceleração da queda, rompendo a marca de R$ 3,30 e a Bolsa teve leve alta, à espera da aprovação da reforma, hoje na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. 

A decisão do ministro Edson Fachin de encaminhar a denúncia contra o presidente Michel Temer diretamente para a Câmara foi um fator adicional no câmbio. Além disso, o dólar e as taxas futuras refletiram contribuição do exterior, com queda do risco Brasil e perda de força da moeda americana, na esteira da valorização do petróleo, dados fracos dos Estados Unidos e discursos de autoridades monetárias da Europa. 

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Nas bolsas de Nova York, papéis de energia e setor financeiro sustentaram os índices de ações no terreno positivo. A Bolsa brasileira, porém, teve uma alta modesta, ajudada por commodities, câmbio e juros futuros, mas refletindo a falta de ânimo com o cenário político doméstico e de fluxo.

"O mercado ainda acredita que a reforma da Previdência deve sair e, como a esperança ainda existe, a notícia da saída de Renan alimenta ainda mais essa expectativa", disse. Por outro lado, ele estima que a queda do dólar pode ser limitada, uma vez que ao tocar os R$ 3,27 abre oportunidade para compra. Segundo um operador de mercado, a saída de Renan, juntamente com a praticamente certa aprovação da reforma trabalhista na CCJ e a notícia de que o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), resolveu encaminhar diretamente à Câmara dos Deputados a denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer, assim como queria a defesa de Temer, fizeram com que o risco Brasil medido pelo contrato de swap de default de crédito (CDS, na sigla em inglês) de cinco anos recuasse em torno de 0,8%, para 239 pontos durante à tarde. Por outro lado, há quem veja a saída de Renan Calheiros como ruim. O economista da Nova Futura, Pedro Paulo Silveira, destaca que a saída gera instabilidade. "Além da incerteza de quem será nomeado, tem a questão de que Renan tem alguma ascendência e o grupo dele pode romper com Temer também", explicou o economista, lembrando que o foco principal é a reforma da Previdência. Para ele, a fraqueza do dólar no exterior deu o tom aos negócios.

Queda da Bolsa foi pressioanda pelos baixos preços do petróleo e da persistente cautela quanto à crise política Foto: Paulo Whitaker/Reuters

Bolsa. O mercado de ações teve um pregão ameno, principalmente no período da tarde, quando predominou uma alta moderada e contínua do Índice Bovespa. O cenário internacional foi influência favorável, composta pela valorização das commodities, enfraquecimento do dólar e bolsas operando em terreno positivo. O desconforto com o cenário político continuou presente entre os investidores, mas foi minimizado pelo bom comportamento dos mercados de câmbio e juros. O Índice Bovespa fechou em alta de 0,56%, aos 62.017,97 pontos, depois de ter oscilado entre a mínima de 61.433,33 (-0,39%) e a máxima de 62.057,28 (+0,62%). Os negócios somaram R$ 5,8 bilhões, abaixo da média do mês, num claro sinal de retração do investidor. A alta foi comandada principalmente pelas ações da Vale, que subiram 3,12% (ON) e 2,02% (PNA), beneficiadas pela valorização de 4,4% do minério de ferro no mercado à vista chinês, a US$ 62,33 a tonelada. Os papéis da mineradora impulsionaram os ganhos das ações de siderurgia e metalurgia. Gerdau Metalúrgica PN subiu 6,44% e liderou as altas do Ibovespa. "O minério de ferro sustentou as altas da Vale e das siderúrgicas, mas acredito que esse ciclo de valorização da commodity está exagerado. Creio ser bem provável que haja uma correção de preços, com a tonelada recuando aos níveis de US$ 55 no final do ano", disse Marco Saravalle, analista da XP Investimentos. Apoiada nas recentes altas do minério, as ações da Vale têm sido menos influenciadas pelo risco político doméstico, apresentando-se como importante contraponto a outros papéis negociados na Bolsa, que vêm sendo penalizados pela crise doméstica. Para se ter ideia, enquanto o Ibovespa acumula perda de 1,11% em junho, Vale ON contabiliza ganho de 5,69% no mesmo período. "Por outro lado, empresas mais sensíveis à economia interna continuam a mostrar sinal neutro, com viés para o negativo", disse Saravalle. Nessa ponta estão as ações da Petrobrás, que caíram 0,85% (ON) e 1,06% (PN) no dia, apesar da alta superior a 1% do petróleo nos mercados futuros de Londres e Nova York. No acumulado do mês, Petro PN recua 6,79% e Petro ON perde 5,43%. Além de refletirem o risco político de maneira geral, os papéis hoje foram impactados negativamente pela notícia de que o governo considera a possibilidade de elevação da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre combustíveis.

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