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Petróleo cai e interrompe recuperação da Bolsa; dólar sobe para R$ 3,28

Preço teve forte queda no exterior após decisão da Opep sobre produção da commodity; Ibovespa abriu negócios em alta, mas devolveu ganhos e fechou perto da estabilidade

Por Paula Dias e Álvaro Campos
Atualização:

Uma forte queda dos preços do petróleo roubou a cena no período da tarde e interrompeu aquele que seria o terceiro dia consecutivo de alta no mercado brasileiro de ações. Sem que o investidor tirasse a crise política do radar, o Índice Bovespa subiu 1,16% pela manhã, mas inverteu a tendência e chegou a cair 0,78% à tarde, influenciado em boa parte pelas perdas do petróleo. 

Cenário externo barrou recuperação da Bolsa Foto: Dario Oliveira|Estadão

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O movimento de baixa chegou a ser neutralizado pontualmente na última hora de negociação e o índice fechou perto da estabilidade, recuando 0,05%, aos 63.3226,78 pontos. O volume de negócios foi de R$ 8,5 bilhões, o mais baixo desde a deflagração da mais recente crise política.

O dólar também fechou perto da estabilidade, mas em alta de 0,07%, aos R$ 3,2826, após oscilar entre a mínima de R$ 3,2636 (-0,51%) e a máxima de R$ 3,2982 (+0,54%). O giro registrado pela clearing de câmbio da B3 foi de US$ 1,269 bilhão.

Os contratos futuros de petróleo tiveram quedas superiores a 5% nas bolsas de Nova York e Londres, depois que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) anunciou a extensão de seu acordo de redução da produção por mais nove meses. O acordo frustrou analistas que esperavam uma ampliação no corte e/ou um prazo maior para a renovação do acordo. As ações da Petrobrás, que chegaram a subir pela manhã, terminaram o dia com perdas de 2,36% (ON) e de 1,43% (PN). Já Vale ON e PNA subiram 0,65% e 0,58%, apesar da queda do minério de ferro.

Mas foram as ações da JBS o grande destaque do dia, com alta de 22,54%, de longe a maior alta da carteira do Ibovespa. Pivô da crise política, por conta da gravação de uma conversa entre Joesley Batista e Michel Temer, o papel acumula queda de 27,75% em maio, mesmo com a alta de hoje. Em princípio, a alta é relacionada à expectativa de venda de ativos, a partir da notícia de que a holding J&F contratou o Bradesco BBI para vender a Alpargatas, a Eldorado e a Vigor. Ainda assim, diversos analistas consideraram a alta de hoje desproporcional à notícia.

Os papéis da JBS têm participação pequena na composição do Ibovespa, de 0,996%. Mas sua influência foi apontada pelos analistas para justificar a neutralização da queda do Ibovespa no final dos negócios. Além da alta expressivas, JBS ON teria arrastado com ela as ações de empresas que seriam candidatas à compra de seus ativos ou mesmo beneficiadas pela crise pela qual a empresa passa.

Foi o caso das empresas de papel e celulose. Fibria ON, tida como potencial adquirente da Eldorado, subiu 6,03% e foi a segunda maior alta do Ibovespa. Em seguida vieram Suzano PNA (+5,61%) e Klabin Unit (+5,12%). BRF ON (+2,73%), Marfrig (+0,48%) e Minerva ON (+4,31%, mas fora do Ibovespa), concorrentes da JBS em seu "core business", completaram esse quadro. 

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O cenário político foi acompanhado de perto, mas não teve influência significativa sobre os negócios, a não ser pela continuidade da percepção de incerteza. Permaneceram as dúvidas quanto ao substituto do presidente Michel Temer, uma vez que sua saída continua a ser bastante considerada. Um dos fatos mais importantes do dia foi a apresentação do pedido de impeachment de Temer feito pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Os investidores estrangeiros confirmam essa tese. Else ingressaram com mais R$ 250,668 milhões na B3 no pregão de terça-feira (23). Foi o quarto pregão consecutivo de ingressos, o que leva o acumulado de maio a ficar positivo em R$ 2,091 bilhões.