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Preço de ração ‘subiu para cachorro’, reclama dono de canil

Aumento de preço provocou reclamações de consumidores e boicote de revenda

Por Gustavo Ferreira
Atualização:

SÃO PAULO - A fabricante de rações para cães Royal Canin, líder do segmento super premium, elevou em cerca de 40% os preços dos seus produtos. O aumento chama a atenção. O preço médio dos alimentos para animais domésticos subiu bem menos que a inflação nos últimos 12 meses. Em média, até a segunda semana deste mês, a alta foi de 1,8%. No mesmo período, a inflação oficial medida pelo IPCA-15 foi de 6,51%. O saco de 15 quilos de ração Royal Canin, que custava R$ 135 no ano passado, passou para R$ 185. O reajuste provocou protestos de consumidores nas redes sociais e até uma proposta de boicote da revenda Cobasi, maior rede de lojas de artigos para pets de São Paulo. A loja colocou cartazes nas prateleiras com o seguinte recado: "Informamos que o fornecedor deste produto impôs aumento com o qual não concordamos. Se desejar, procure orientação com os nossos colaboradores para substituí-lo com vantagens". O texto ficou exposto por apenas um dia, em março. Embora o alerta tenha sido retirado rapidamente, não escapou do clique de um internauta. A imagem foi postada no Facebook e se espalhou pela internet. Procurada pela reportagem, a Cobasi disse, em nota, se sentir obrigada a apontar "aumentos que fogem da normalidade". "A Cobasi não pode ser vista como responsável por este ato. Isso é um problema do fornecedor e dos clientes das marcas", informou. Embora a Royal Canin tenha encaminhado resposta à reportagem garantindo que o último reajuste foi de 15%, revendedores e consumidores garantem: a alta foi de 40%. Sobre o boicote proposto pela Cobasi, a fábrica alega ter sido obrigada a puxar seus preços por causa da alta de matérias-primas. Fontes da indústria de rações dizem que o polietileno (derivado de petróleo usado em embalagens), a proteína de frango, o milho e a soja, produtos que mais interferem na formação de preço das rações, ficaram 25% mais caros em um ano. Madalena Spinazzola, gerente de planejamento estratégico da Premier Pet, rival da fabricante francesa, afirma que a elevação de gastos com matérias-primas é uma realidade com a qual lida há anos. "Cabe às empresas serem capazes de antever essas altas de custos e tomar medidas preventivas para não repassar grandes aumentos aos consumidores", comentou. O último reajuste feito pela Premier Pet, em outubro de 2012, foi de 6%. Não há previsão para novas altas. Entre os consumidores descontentes com o aumento está Lucas Fugisawa, de 30 anos. Ele tem hoje quatro cachorros e diz ter abandonado a marca Royal Canin. "Não é tanto pelo preço, mas achei uma injustiça muito grande o modo como nós clientes, tão numerosos, fomos tratados", explica. O proprietário do Canil Ponder, Fábio Nader, que cria cerca de 50 cães, também mudou o cardápio de seus bichos. Seu gasto mensal com ração subiu de R$ 4,1 mil para R$ 5,6 mil. "Não é possível arcar com esses preços", reclama Nader, que encontrou outras rações 30% mais baratas para seus cães.

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