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Resultados das eleições fazem Bolsa subir e dólar cair a R$ 3,20

Otimismo com o ajuste fiscal também guiou os investidores no primeiro pregão de outubro; índice Bovespa fechou em alta de 1,87%, aos 59.461 pontos

Por Paula Dias e Lucas Hirata
Atualização:

Os resultados das urnas nas eleições municipais tiveram efeito direto sobre a Bovespa e o dólar neste primeiro pregão de outubro. O avanço de candidatos de partidos aliados ao governo Michel Temer, em contraposição ao declínio de concorrentes petistas, foi lido como sinal de fortalecimento do presidente. Com isso, a percepção foi de que cresceram as chances de avanço das medidas do ajuste fiscal. Animado pelo noticiário doméstico, o investidor de renda variável relativizou as quedas das bolsas de Nova York e levou o Índice Bovespa a uma alta de 1,87%, aos 59.461,22 pontos.

O bom humor no mercado doméstico também teve efeitos sobre o dólar, que fechou em queda de 1,48%, negociado a R$ 3,2025, o patamar mais baixo de 22 de agosto (R$ 3,2013). Na mínima, a divisa norte-americana tocou R$ 3,1985 (-1,60%), menor nível durante a sessão desde 22 de setembro (R$ 3,1821). De acordo com dados registrados na clearing da BM&F Bovespa, o volume de negócios somou US$ 915,765 milhões no primeiro dia útil do mês. Às 17h25, no mercado futuro, o dólar para novembro recuava 1,51%, aos R$ 3,2320, com mínima em R$ 3,2240 (-1,75%) e giro de US$ 13,521 bilhões. 

Vitória de aliados do governo nas eleições municipais deixouimplícita uma maior facilidade na aprovação de medidas do ajuste fiscal Foto: Dario Oliveira|Estadão

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Para analistas, a derrota do PT em redutos estratégicos, como as capitais nordestinas, além de São Bernardo e São Paulo, mostra que a tese da aplicação de um possível golpe contra o partido não teve adesão popular. E sem o endosso dos eleitores ao argumento petista, o governo correria menor risco de enfrentar resistências no Congresso. 

A vitória do tucano João Doria em São Paulo foi a mais emblemática, pelo ineditismo de ter ocorrido em primeiro turno e por fortalecer seu padrinho político, o governador Geraldo Alckmin (PSDB), provável candidato à presidência em 2018. Em uma aposta considerada arriscada, o governador desagradou a maioria dos caciques do PSDB para bancar Doria como candidato. 

A melhora do humor dos investidores reforçou o otimismo em torno do texto da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) dos gastos públicos, que avança. O relator da matéria, deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), deve apresentar seu relatório amanhã na comissão especial da Câmara que analisa a matéria. Hoje Perondi alinhou os últimos pontos do texto durante reunião com a equipe econômica. "O texto fechado hoje ficou mais consistente, mais enérgico e melhor para o País", disse o deputado. 

No caso do dólar, também contribuiu para o movimento de baixa um fluxo de recursos vindos do exterior. De acordo com profissionais do mercado, a chegada veio de exportadores, investidores estrangeiros e até de captações externas. "Lá fora, imperou a calmaria com o feriado na Alemanha e nenhuma notícia sobre a crise do Deutsche Bank", acrescentou o profissional.

Além de preocupações atenuadas com o banco alemão, o cenário externo também favoreceu algumas moedas de mercados emergentes e ligadas a commodities por causa dos avanços dos contratos futuros de petróleo. 

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Mercado de ações. Os ganhos mais representativos no pregão desta segunda-feira, 3, ficaram com as "blue chips", ações mais negociadas da Bolsa, o que pode significar um sinal de maior participação de investidores estrangeiros no pregão. As ações da Petrobrás fecharam com ganhos de 2,97% (ON) e de 2,95% (PN) e, segundo operadores, refletiram não apenas a alta dos preços do petróleo, mas também a melhora das expectativas com o cenário político. Vale ON e PNA avançaram 1,63% (ON) e 2,27% (PNA). 

Entre as 58 ações que compõem a carteira teórica do Índice Bovespa, apenas três fecharam em baixa: Rumo ON (-0,47%), Ambev ON (-0,35%) e Fibria ON (-0,09%). Já as maiores altas foram de Bradespar PN (+5,53%), CSN ON (+4,62%) e Qualicorp ON (+4,17%).

O cenário internacional ficou em segundo plano, com a contribuição do feriado na Alemanha, que manteve os mercados locais fechados. Com isso, permaneceu a expectativa em torno da crise financeira enfrentada pelo Deutsche Bank, o maior banco do País. A cautela com o banco contribuiu para manter as bolsas americanas em baixa, mas não impediu a alta dos bancos brasileiros. Banco do Brasil ON liderou o grupo, com alta de 2,37%.

Apesar do maior otimismo exibido nos negócios, a Bovespa movimentou um total de R$ 6,046 bilhões, próximo da média de setembro e considerado baixo. Com o resultado de hoje, o Ibovespa acumula ganho de 37,17% em 2016. Em setembro, até o dia 29, os estrangeiros haviam retirado R$ 1,879 bilhão do mercado. No ano, o saldo é positivo em R$ 13,129 bilhões.