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ABEAR: tráfego doméstico recua 4,01% em janeiro de 2016

Há seis meses consecutivos o setor registra queda na demanda e nem mesmo os meses de alta temporada registraram expansão

Por Luciana Collet (Broadcast)
Atualização:
De acordo com a Associação que representa o setor, otráfego doméstico recuou4,01% em janeiro deste ano. Foto: Tasso Marcelo/Estadão

SÃO PAULO - A demanda doméstica por viagens aéreas recuou 4,01% em janeiro, na comparação com o mesmo mês de 2015, segundo levantamento divulgado há pouco pela Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), que reúne os dados das principais companhias aéreas brasileiras (TAM, Gol, Azul e Avianca).

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Há seis meses consecutivos o setor registra queda na demanda doméstica - com baixas que variaram de 0,6% (agosto) a 7,9% (novembro), em relação ao mesmo intervalo do ano anterior. Nem mesmo os meses de alta temporada, como dezembro (-4,92%) ou janeiro, registraram expansão.

A oferta, por sua vez, apresentou retração de 2,38% no mês passado em relação a janeiro de 2015. Com isso, a taxa de ocupação doméstica teve queda de 1,41 ponto porcentual (p.p.) no primeiro mês deste ano, para 83,18%.

No total, as empresas aéreas brasileiras embarcaram em janeiro 9,04 milhões de passageiros no mercado doméstico, o que corresponde a uma queda de 1,95% ante o mesmo mês de 2015.

"Janeiro foi um mês de continuidade de um cenário que progressivamente se agrava", disse o consultor da Abear Maurício Emboaba. Questionado se diante do agravamento da situação, o setor havia revisado suas projeções para 2016, o presidente da entidade, Eduardo Sanovicz, reiterou a estimativa de redução de oferta da ordem de 7%, mesmo porcentual de queda estimado para a demanda doméstica. "Seguimos esperando reduções desta ordem. É cedo para dizer se vai ser ainda pior, o cenário já é muito ruim", disse, durante teleconferência com jornalistas.

Em termos de participação de mercado, medida pela demanda por RPK (passageiro-quilômetro transportado), a Gol ficou na liderança no mercado doméstico em janeiro, com 38,62%, superando a TAM, com 34,36%. Em seguida vem a Azul, com 17,28%, e a Avianca, com 9,74%.

Internacional. No mercado internacional, a demanda cresceu 7,23% em janeiro frente ao mesmo mês de 2015. Já a oferta teve expansão de 6,12%, levando a taxa de ocupação a subir 0,89 ponto porcentual, para 85,25%.

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No segmento internacional, a TAM ficou com 73,92% do mercado em janeiro, enquanto a Gol ficou com 13,13%. A Azul chegou a 12,87%, enquanto a Avianca teve participação inferior a 1%. No segmento, as empresas brasileiras embarcaram juntas 754,7 mil passageiros no mês passado, alta de 10,64%.

Emboaba comentou que o crescimento registrado no mercado internacional se deve basicamente ao início da operação da Azul para os EUA, no ano passado, e lembrou que os números revelam apenas o comportamento da parcela brasileira da demanda internacional, não computando oferta e demanda das companhias internacionais. 

Petróleo. Um dos principais insumos do setor, o querosene de aviação (QAV) tem o preço atrelado à cotação internacional do petróleo, que, em queda, tem favorecido grande parte das companhias internacionais. No entanto, as companhias aéreas brasileiras não devem se beneficiar, segundo o presidente da Abear.

"Câmbio e impostos comeram toda queda do petróleo no mercado internacional", disse Eduardo Sanovicz . Ele citou dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP) segundo os quais entre a primeira semana de janeiro e a última semana de dezembro de 2015, o QAV subiu 1,1%, mesmo em um momento de queda do petróleo. Além do câmbio, Sanovicz citou a carga tributária e a formulação usada pela Petrobrás para precificar o QAV.

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A alta deste e de outros custos também cotados em dólar, em meio à queda da demanda por passagens aéreas, levou as empresas a registrarem fortes prejuízos ao longo do ano. No acumulado de janeiro a setembro de 2015, as companhias aéreas brasileiras associadas à Abear registraram perdas de cerca de R$ 3,7 bilhões. Juntas, essas empresas respondem por 99% do mercado.

O presidente da Abear voltou a dizer que a intenção das empresas é recuperar neste ano pelo menos parte da queda dos preços das passagens verificada em 2015, na comparação com 2014. "Os preços médios caíram 19% sobre 2014, então pretendemos recuperar pelo menos parte disso, mas é movimento individual de cada empresa", disse.

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