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Air France cria aérea de baixo custo para voos internacionais

Nova empresa parte para ofensiva contra Emirates, Qatar e Etihad, que abalaram o mercado europeu de aviação

Por Andrei Netto e correspondente
Atualização:

PARIS - O grupo Air France-KLM anunciou nesta quinta-feira, 3, em Paris a decisão de fundar uma nova companhia aérea voltada para o segmento low cost long-courrier. A iniciativa leva em conta a “situação de hiper concorrência” causada pelas companhias aéreas do Golfo Pérsico, que reduziram os preços das passagens nos últimos anos. O plano, batizado Boost, incluirá a reabertura de linhas aéreas fechadas nos últimos anos pela Air France e pela KLM por não serem rentáveis no modelo de negócios que as empresas propunham.

Empresa fará rotas fechadas pela Air France e pela KLM, antes consideradas não rentáveis Foto: Charles Platiau/Reuters

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A decisão do grupo franco-holandês faz parte de um novo programa de reforma interna da organização do grupo. Há dois anos, uma iniciativa semelhante já havia sido tomada no mercado de voos de curta duração, com a reformulação da companhia Transavia e a criação de Hop!. Os dois braços low cost foram fundados para concorrer com as competidoras europeias do segmento, como Ryan Air e Easyjet, repetindo uma estratégia já adotada pela britânica-espanhola British Airways-Iberia, com Vueling, e pela alemã Lufthansa, com a Germanwings.

Longa duração. Agora o novo front de batalha das maiores companhias aéreas europeias é enfrentar a concorrência low cost em voos de longa duração. Os adversários, dessa vez, são empresas do Golfo Pérsico, como Emirates, Etihad e Qatar Airways, que oferecem serviços de alta qualidade, mas financiados com subsídios das petromonarquias árabes.

O plano de reformulação “Trust Together” foi apresentado pelo diretor-presidente de Air France-KLM, Jean-Marc Janaillac, no cargo desde 4 de julho. A estratégia se baseia em nove eixos de desenvolvimento que têm por objetivo “retomar a ofensiva a fim de voltar a ser um líder do setor aéreo mundial”. Trata-se, segundo a direção, de “uma resposta às companhias do Golfo que se desenvolvem a baixo custo em mercados-chave”. A iniciativa passa pela criação da nova companhia, que por enquanto responde pelo nome-código de Boost – o nome definitivo não foi revelado. “Era preciso uma resposta ofensiva”, argumentou Janaillac.

A empresa terá como hub principal o maior aeroporto da França, o de Roissy-Charles De Gaulle (CDG), e começará suas atividades com 10 aviões até 2020. Cerca de 30% de suas linhas serão criadas, algumas baseadas em trajetos abandonados pela Air France ao longo dos anos de corte de rotas e de pessoal – 5,5 mil demissões na década.

As novas linhas serão abertas a partir do quarto trimestre de 2017, para voos de média duração, e a partir do segundo trimestre de 2018, para trajetos longos. Os preços das tarifas são desconhecidos até agora, mas serão inferiores que os praticados pela Air France e KLM – embora os serviços propostos sejam do mesmo nível, segundo garante a direção, que recusa a expressão “low cost”. A empresa não contará com primeira classe, terá uma business-class mais austera e oferecerá refeições e bagagens.

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