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Analistas criticam pressão da Argentina sobre a Vale

Avaliação é que retirada da concessão da mineradora tomaria a proporção de incidente diplomático

Por Mariana Durão e da Agência Estado
Atualização:

RIO - A ameaça do ministro do Planejamento da Argentina, Julio de Vido, de expropriar a mina da Vale após a suspensão do projeto Rio Colorado é vista como forma de pressão política sobre a companhia brasileira por analistas do setor. A avaliação é que uma eventual retirada da concessão da Vale pelos argentinos tomaria a proporção de um incidente diplomático.

"Será uma questão diplomática. Caso isso ocorra a expropriação vai para a Justiça e a discussão vai se arrastar", diz Pedro Galdi, da SLW Corretora. Ele lembra que a mineradora brasileira já investiu US$ 2,2 bilhões em Rio Colorado e não pode perder a concessão sem ser indenizada.Uma das hipóteses para minimizar o prejuízo de uma baixa contábil - se a Vale desistir de vez da mina de Potássio - é a venda do ativo, que já vem sendo ventilada. Segundo os analistas ouvidos pela reportagem, o reconhecimento da baixa contábil, a exemplo de projetos como o da CSA, não precisa ocorrer necessariamente no balanço do primeiro trimestre. "Essa é uma tentativa do ministro de pressionar a Vale para tentar reverter a suspensão do projeto, o que é quase impossível", diz um analista que prefere não se identificar. Cassar a concessão da Vale para explorar Rio Colorado, lembra, poderia ter um reflexo negativo no mercado internacional e afetar a decisão de investimento de companhias estrangeiras na Argentina. Por outro lado, a Vale busca melhores condições para manter o ativo.Do lado financeiro, a análise é de que pode haver impacto futuro nas ações da companhia, mas pouco significativo. Mais cedo, o ministro argentino afirmou que a decisão da Vale em "abandonar" o projeto Potássio Rio Colorado, em Mendoza, foi "um descumprimento flagrante do contrato" por parte da mineradora. A companhia "violentou as leis da Argentina, e eu, se fosse investidor da Vale, estaria preocupado", afirmou De Vido em referência à reação positiva do mercado após o anúncio da mineradora, realizado na segunda-feira, de suspender o projeto de exploração de potássio na Argentina. O ministro não descartou que o governo da presidente Cristina Kirchner poderá expropriar a Vale, que já investiu no projeto US$ 2,2 bilhões. "A Vale é uma empresa emblemática para os brasileiros, mas aqui na Argentina é uma empresa que atua de fato e de direito como empresa sediada na Holanda", reiterou o ministro.

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