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O Futuro dos Negócios

Opinião|Apólice de dados - parte 2

Novos riscos e novas possibilidades em um mundo conectado

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Atualização:

O advento dos carros autônomos irá impactar não apenas a indústria automobilística. Na semana passada discutimos as alterações a serem experimentadas pela indústria de seguros de veículos com a progressiva redução no número de seres humanos envolvidos no ato de dirigir.

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Em junho de 2015, a KPMG realizou uma pesquisa junto a executivos do setor de seguros nos EUA na qual 42% indicaram acreditar que, nos próximos seis a dez anos, o impacto dos carros autônomos na indústria será relevante. Essa é a situação que vamos vivenciar à medida que esses veículos comecem a substituir os carros com motoristas. O processo não será instantâneo, visto que teremos um período de transição longo no qual carros com e sem motorista irão circular simultaneamente nas ruas e estradas - gerando mais uma camada de complexidade a ser endereçada. Há quem sugira, por exemplo, que sejam criadas faixas de circulação exclusivas para veículos autônomos nas estradas.

Mas onde há inovação também há oportunidade. Os veículos conectados – ou seja, veículos equipados com tecnologia de transmissão e recepção de dados via internet - são capazes de fornecer dados em tempo real que, se utilizados adequadamente (e levando-se em consideração as questões ligadas à privacidade), podem modificar para melhor a forma de precificação e cobrança do seguro. Com esses dados, é possível realizar a análise das regiões nas quais o veículo circula, locais de estacionamento, desgaste dos componentes e padrões de utilização.

Durante essa transição para um mundo dominado por carros autônomos, o modelo de “User based Insurance” (“Seguro Baseado no Usuário”) já é oferecido por alguns provedores. Nesse modelo, o valor pago pelo motorista está diretamente relacionado aos elementos mencionados anteriormente: quilometragem, tempo de uso, velocidade e frequência de acidentes nos locais percorridos, entre outros. Por essa razão, esses seguros são conhecidos como PAYD (“pay as you drive” ou “pague pelo que dirigir”) e PHYD (“pay how you drive”, ou “pague pela forma como dirigir”). Quanto mais cauteloso for o motorista, menor será sua despesa.

De acordo com a firma independente Autonomous Research, a modalidade de veículos responde por mais de 40% dos prêmios pagos às seguradoras. Mas a proliferação dos carros autônomos irá originar situações de complexidade razoável, que também devem ser consideradas no contexto da indústria de seguros: imagine um acidente causado por queda na infraestrutura de telecomunicações (seja por razões técnicas ou por desastres naturais), impedindo os carros de receberem e enviarem dados uns aos outros. Ou um hacker assumir o controle e deliberadamente provocar um acidente. É bem provável que, no futuro, as apólices também contemplem esse tipo de situação.

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Semana que vem iremos discutir alguns dos impactos da adoção em larga escala dos carros autônomos para infraestrutura das cidades e estradas de forma geral. Até lá, e que tenhamos todos um feliz ano novo repleto de saúde, realizações e alegrias.

*Investidor em novas tecnologias, é Engenheiro de Computação e Mestre em Inteligência Artificial

Opinião por Guy Perelmuter
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