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Após 7 anos, Volkswagen troca comando da operação brasileira

Sul-africano David Powels assume a presidência em janeiro, no lugar de Thomas Schmall, que volta para a matriz, na Alemanha

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Negociação: Schmall trouxe para o País a produção do up! e dos novos Jetta e Golf Foto: ROBSON FERNANDJES/ESTADÃO-31/1/2014

A Volkswagen do Brasil terá novo presidente a partir de 1.º de janeiro. O sul-africano David Powels assumirá o posto em substituição ao alemão naturalizado brasileiro Thomas Schmall, que ganhou novo cargo na matriz, na Alemanha. Ele passa a ser membro do Conselho de Administração e será responsável pela área global de componentes.

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Powels, de 52 anos, já trabalhou no Brasil como vice-presidente de Finanças e Estratégia Corporativa entre 2002 e 2006 e, desde 2007, é diretor-geral da Volkswagen da África do Sul.

Como membro do conselho, Schmall participará das decisões globais da companhia e terá papel importante nos planos de investimentos futuros para América do Sul e Brasil.

Aos 50 anos, Schmall está à frente da subsidiária brasileira desde 2007, período em que as fabricantes “novatas” no País, como Renault e Hyundai, intensificaram atuação e as marcas tradicionais perderam participação nas vendas.

Entre as quatro maiores montadoras, a Volkswagen foi a que mais perdeu participação no período, de 23% para 17,5%; seguida pela Fiat, de 26% para 21,4%; e pela General Motors, de 21,4% para 17,4%. A Ford saiu de uma fatia de 10,6% para 9% (ver quadro ao lado).

Schmall deixará o País num momento em que o Gol, modelo mais vendido da marca e líder no mercado brasileiro por 27 anos, está perto de perder a liderança para o Fiat Palio. Até sexta-feira, o concorrente vendeu no ano 156.389 unidades, 602 mais que o Gol, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).

O executivo explica que os números incluem dois modelos do Palio, o novo e o antigo, enquanto os do Gol são apenas da versão renovada do modelo. O G4 deixou de ser feito no início do ano, por não ter estrutura para receber freio ABS e airbag, itens que passaram a ser obrigatórios em todos os carros.

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“Se a comparação for apenas entre as plataformas novas, temos o dobro de vendas”, diz Schmall, que ainda não jogou a toalha em relação à rival. “O Gol é um vencedor e será uma briga boa até o fim do ano.”

Em compensação, o compacto up!, que em tese entrou no lugar do G4, vendeu, desde março, 47.910 unidades.

Global. Entre seus feitos, Schmall conseguiu trazer para o Brasil, além do up!, a produção do novo Golf e do novo Jetta, que serão feitos a partir de 2015 nas fábricas de São José dos Pinhais (PR) e São Bernardo do Campo (SP), respectivamente.

“Antes, havia os produtos globais e os produtos do Brasil; agora o País está inserido na tecnologia global”, diz Schmall. Para isso, diz ele, foi necessário recuperar a confiança da matriz, que hoje vê o Brasil como “um dos principais jogadores mundiais”.

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A Volkswagen está aplicando R$ 10 bilhões no País no período de 2012 a 2016 e Schmall vê como desafio para seu sucessor manter investimentos no Brasil. Ele afirma que o mercado passa por uma fase de queda atualmente, mas tem grande potencial de crescimento.

O mercado brasileiro neste ano registra queda de 8,9% nas vendas, em relação ao mesmo período do ano passado, com 2,833 milhões de unidades (incluindo caminhões e ônibus) até outubro. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) projeta até o fim de dezembro uma melhora nos negócios, com esse porcentual de queda sendo reduzido para 5% a 6%.

Para o mercado voltar a crescer e a indústria ser mais competitiva, Schmall diz que a economia brasileira precisa crescer entre 2% a 3% ao ano e que são necessárias reformas, como a tributária e trabalhista.

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A Volkswagen vendeu 471,6 mil automóveis e comerciais leves de janeiro a outubro, 14,7% abaixo dos números de igual período de 2013. A queda para a GM foi de 12,6% (469,3 mil unidades), e de 11,9% para a Ford (244 mil unidades). A Fiat vendeu 576,2 mil unidades, 9,7% menos que no ano passado.

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