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Após acordo de leniência, agência eleva nota de crédito de construtora da Odebrecht

Moody's considera que, mesmo com multa bilionária a pagar, empresa pode continuar a fazer negócios com o governo

Por Renato Carvalho
Atualização:

A agência de classificação de risco Moody's elevou nesta segunda-feira, 5, o rating da Odebrecht Engenharia e Construção (OEC) de Caa1 para B3. A perspectiva da nota da companhia foi mudada de negativa para positiva. Segundo a Moody's, a alteração na perspectiva acontece por conta da assinatura do acordo de leniência pela Odebrecht S.A. com procuradores brasileiros, que resultará em multas de R$ 6,8 bilhões (US$ 2 bilhões) a serem pagas nos próximos 23 anos.

Jornal traça panorama do esquema de corrupção na Odebrecht Foto: Juca Varella|Estadão

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A agência de rating considera que, apesar do valor, o acordo é um fator positivo para a OEC, porque retira uma incerteza de longo prazo para a companhia. "O acordo permitirá que o grupo continue a conduzir negócios com o governo brasileiro e entidades relacionadas, e deverá ajudar a retirar restrições de financiamento, especialmente do BNDES. O fato de o acordo vincular, supostamente, o Departamento de Justiça dos EUA e autoridades suíças também é positivo", afirma a Moody's em relatório.

"Os prolongados procedimentos das investigações contribuíram para limitar a disponibilidade de financiamento para os projetos do grupo, e criaram desafios adicionais para que a OEC participasse de projetos de infraestrutura, tanto em andamento quanto futuros, nos seus principais mercados", diz a Moody's. A agência considera que o prazo para pagar as multas "parece administrável" para a Odebrecht, apesar da restrita liquidez.

"Uma elevação do rating exigirá uma recuperação sustentável das operações da OEC, e também de a OEC melhorar e manter um perfil de liquidez mais forte em conjunto com evidências de fortalecimento do ambiente de negócios", diz a Moody's.

A pressão negativa pode vir das dificuldades da empresa de retomar suas operações normais, "se a companhia não conseguir cumprir com as exigências de publicações de relatórios anuais auditados, o que desencadearia possivelmente uma aceleração da dívida, ou se a companhia entrar em uma reestruturação de dívida que resulte em perdas maiores que o esperado para os credores".

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