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Após compra de fatia da CPFL, chinesa State Grid busca mais ativos no Brasil

No radar estariam uma participação na Renova Energia e o controle da Santo Antônio Energia; na CPFL, companhia se prepara para oferta pública de ações que pode chegar a R$ 20 bilhões

Por Monica Scaramuzzo
Atualização:

O grupo chinês de energia State Grid está olhando mais ativos para adquirir no Brasil, apurou o ‘Estado’ com fontes próximas à companhia. Na sexta-feira passada, a estatal anunciou a compra de 23% da CPFL Energia, que pertenciam à construtora Camargo Corrêa, por R$ 5,85 bilhões. Com essa aquisição, a gigante entrou no bloco de controle da companhia de transmissão e geração e terá de estender a oferta aos demais acionistas, em uma operação avaliada em cerca de R$ 20 bilhões.

Se todos os acionistas decidirem pela venda de suas ações para a gigante chinesa, a State Grid será protagonista da maior oferta pública de aquisição de ações (OPA) já realizada no Brasil. Os outros sócios do bloco de controle são a Previ (fundo de pensão do Banco do Brasil) e a Bonaire Participações, que reúne outros fundos, como a Petros (da Petrobrás), Fundação Cesp, Sistel e Sabesprev.

Com CPFL, chinesa avança nos setores de transmissão e geração de energia Foto: José Wagner/ Divulgação

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Em relatório a clientes no início desta semana, a equipe do Credit Suisse afirmou que acredita que os fundos de pensão que compõem o restante do bloco de controle da CPFL devem exercer seu direito a “tag along” devido ao prêmio pago pelos chineses. A State Grid vai pagar R$ 25 por ação da CPFL, um prêmio de 21,6% sobre o preço de fechamento da ação da empresa brasileira na véspera do anúncio do negócio.

Mesmas condições. Como entrou no bloco de controle, a chinesa terá de oferecer aos demais acionistas a possibilidade de alienar as suas ações, nas mesmas condições que ofereceu à Camargo Corrêa. A companhia informou ao governo federal, segundo disseram fontes à Reuters, que tem os recursos disponíveis para comprar a totalidade da elétrica. Procurada, a State Grid não comentou. Previ e Bonaire disseram que ainda não têm decisão sobre a venda de ações que possuem na CPFL. “A Previ está analisando tecnicamente a oportunidade” afirmou o fundo de pensão, por meio de sua assessoria.

A aquisição foi bem recebida pela Fitch. Em relatório, a agência de classificação de riscos informou que essa aquisição é positiva para os ratings da CPFL e suas subsidiárias – CPFL Paulista, CPFL Piratininga, RGE e CPFL Geração – com o rating nacional de longo prazo em AA(bra), com perspectiva negativa. “A Fitch acredita que, se concretizada, a aquisição parcial ou total do controle da CPFL Energia aumentará a flexibilidade financeira do grupo e poderá reduzir as pressões de alavancagem, beneficiando seus ratings”.

Apetite. Pessoas próximas à State Grid afirmaram ao Estado que a companhia está atenta a oportunidades no País, sem detalhar os possíveis negócios. A State Grid entrou no Brasil em 2010, quando comprou sete companhias de transmissão de energia de uma subsidiária da estatal Cemig, por quase US$ 1 bilhão. A companhia tem 5.785 quilômetros de linhas de transmissão no País.

No radar da estatal chinesa, estaria ainda uma participação da Light na Renova Energia, uma das maiores empresas de geração eólica no País. Nesse caso, no entanto, há concorrentes na disputa, incluindo outros grupos chineses.

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Segundo fontes, a companhia asiática avalia ainda o controle da Santo Antônio Energia, concessionária que administra a Hidrelétrica Santo Antônio, no rio Madeira, em Rondônia.

Há duas semanas, a Odebrecht, sócia da concessionária, viajou para a China para iniciar as negociações de venda de sua participação, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto.

A State Grid também já confirmou interesse pelos ativos da espanhola Abengoa, no Brasil. A companhia está em recuperação judicial na Europa e não tem condições de levar adiante importantes projetos arrematados nos últimos anos, como é o caso da linha de transmissão para conectar a Hidrelétrica Belo Monte, no rio Xingu, ao sistema interligado nacional. /COM AGÊNCIA REUTERS